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Vídeo:| Foto: Reprodução RPC TV

Memória

Relembre as participações de alguns dos diretores no FTC:

• Gabriel Villela – A Vida é Sonho, Romeu e Julieta, Rua da Amargura, Mary Stuart, O Sonho, Replay, Sonho de Uma Noite de Verão, A Ponte e a Água de Piscina, Fausto Zero.

• Gerald Thomas - The Flash And Crash Days, O Império das Meias Verdades, Unglauber, Don Juan, Nowhere Man, Os Reis do Iê-Iê-Iê, Coro e Camarim.

• Aderbal Freire-Filho – A Mulher Carioca aos 22 Anos, A Prova, O que Diz Moleiro, Dilúvios em Tempo de Seca.

Houve um tempo em que a chegada do mês de março anunciava o desembarque dos medalhões do teatro brasileiro em solo curitibano. Uma época em que Gabriel Villela, José Celso Martinez Correa, Antunes Filho, Aderbal Freire-Filho, Antônio Abujamra e Gerald Thomas eram presenças corriqueiras na Mostra Oficial. O mais assíduo dos freqüentadores das coxias locais foi Villela, o diretor mineiro que trouxe, ao todo, nove peças ao FTC, entre elas, Romeu e Julieta, com o Grupo Galpão, e Fausto Zero – a última que veio a Curitiba, em 2004. O polêmico-mor das artes cênicas, Gerald Thomas, montou oito espetáculos em sete edições; mas também não aterrissa por aqui desde o início da década.

É verdade que, em alguns momentos, a constância dos gigantes do teatro nacional foi menor. Se no ano 2000 havia quatro montagens assinadas por esses diretores, nos dois seguintes apenas um deles tinha o nome impresso no folheto da programação. Ainda assim, nada se compara às últimas duas edições, quando a escassez que já espreitava culminou na ausência absoluta dos senhores dos palco. Aderbal Freire-Filho e Antunes Filho foram os derradeiros, à frente de Dilúvios em Tempo de Seca e Foi Carmem Miranda, respectivamente.

A organização do Festival de Teatro justifica a lacuna como parte da evolução do evento. "O festival vai mudando ao longo da História, em algum momento era importante trazer só estrelas; o momento atual é mais de revelar talentos.", afirma o diretor Victor Aronis.

Bancar a vinda dessas produções também não é fácil. "Eles estão tentando não lidar com os primeiros nomes do teatro nacional e encontrar nas outras ‘medalhas’ uma forma de subsistência. Os espetáculos que a gente faz não são baratos.", comenta Villela. De um sítio em Minas Gerais, o diretor declarou que aceita convites que paguem bem e adiantado, o contrário do que acontecia no FTC. "Fausto Zero esteve aí por uma ninharia de cachê. Eles pagam muito mal.", lamenta.

A difícil negociação financeira soma-se a desavenças entre alguns encenadores e a organização do festival. "Aconteceram problemas de administração e a sucetibilidade do artista é muito grande. Nós somos muito chatos, isso estressa o pessoal", admite Villela. A rixa da organização com Gerald Thomas, por exemplo, remonta à montagem de Coro e Carmarim – Uma Tragédia Rave. Hoje, o diretor é sucinto ao falar do FTC. "Esse festival perdeu sua identidade quando o Leandro [Knoplholz] e o Cássio [Chamecki] saíram da direção", diz. E provoca: "Virou essa moqueca sem qualquer sabor".

Apesar de justificadas as alterações nos critérios de eleição dos encenadores para a Mostra Oficial – e até por não ser unanimidade a qualidade dos trabalhos atuais de alguns dos medalhões do teatro – as decisões recentes da organização trazem consigo dilemas.

"O maior problema do festival hoje, mais do que a ausência dos medalhões, é a ausência de uma linha curatorial mais clara", analisa Paulo Biscaia, diretor da Vigor Mortis. A afirmativa ressoa o questionamento de outro diretor de teatro: "O Festival de Teatro é feito para quê?", pergunta Fernando Kinas. E sugere: "Deveria ter uma identidade".

Biscaia, que já foi asssitente de Gerald Thomas e está à frente de duas peças no Fringe deste ano, ressalta o aspecto comercial que tomou conta do FTC: "O festival tornou-se muito mercantilista, não têm mais tanta pungência estética. É uma convenção de artistas vendendo o seu produto". O diretor avalia as conseqüências do modelo. "O lado positivo é forçar a profissionalização e ser um exercício de maturidade para o teatro em Curitiba. O lado ruim é a ausência de discussão estética mais aprofundada. Esse lado mercadológico tem de existir, mas não está bem equilibrado", opina.

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