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A popularidade de "O código Da Vinci" constitui um indicativo chocante tanto da ignorância das pessoas quanto do "prazer voluptuoso" que a mídia sente em promover obras que não têm base na verdade, disse na segunda-feira o ministro da Cultura do Vaticano.

O cardeal Paul Poupard, diretor do Conselho Pontifício de Cultura, disse à rádio "Europe 1" que não faz objeções a que as pessoas assistam ao filme, desde que compreendam que se trata de uma obra de ficção. O problema, diz ele, é que muitos assistirão a essa "besteira" e acharão que é a verdade.

O filme, baseado no best-seller de Dan Brown, estréia na quarta-feira no Festival de Cinema de Cannes. O livro alega que Jesus teve um filho com Maria Madalena e que a Igreja Católica ocultou o fato.

Poupard é a mais alta autoridade do Vaticano, depois do Papa, para questões ligadas à cultura.

- Trata-se de um fenômeno cultural chocante e preocupante que, por um lado, reflete a ignorância de milhões de pessoas, e, de outro, o prazer voluptuoso da mídia em promover produtos que não têm nada a ver com a verdade - disse o cardeal francês de 75 anos à rádio parisiense.

Ele observou que os meios de comunicação de massa não demonstraram nenhum interesse no extenso "Dicionário de Religiões" editado por ele e com contribuições de muitos especialistas nessa área.

- Se um produto mistura afirmações que são apresentadas como fatos reais, ficção e assim por diante, e apresenta elocubrações que não guardam relação alguma com a história, a mídia de todo o mundo o promove - disse ele.

- Se está claro que isso não tem nada a ver com a verdade e se o diverte ir assistir a isso, por que não? - respondeu, quando indagado se os espectadores deveriam boicotar o filme estrelado por Tom Hanks e Audrey Tautou.

Nas últimas semanas, vários cardeais do Vaticano fizeram sugestões diversas, desde um boicote do filme pelos católicos até ações legais contra o livro e o filme.

Poupard não defendeu essas posições, mas expressou preocupação com o efeito que o filme terá sobre os católicos comuns.

- O que me preocupa é a possibilidade de que pessoas decentes que não tiveram uma formação religiosa adequada possam entender essa besteira como sendo verdade - disse o cardeal, que dirige o Conselho Pontifício de Cultura desde 1988.

Indagado se irá assistir ao filme, Poupard respondeu:

- Não pretendo, porque a vida é curta e tenho muito o que fazer. Tantos amigos meus já me descreveram essa bobagem que não tenho tempo para isso.

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