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A seis dias de 2006, chega a inevitável hora de fazer um balanço dos últimos 12 meses. Como a cena cultural de Curitiba é rica, eleger os melhores de cada área é negócio arriscado. Pode desembocar em injustiças e omissões. Diante desse dilema, a equipe do Caderno G resolveu escolher um seleto time de artistas e criadores que, ao longo do ano, deram o que falar. São profissionais, residentes na cidade ou não, que foram assunto de reportagens, venceram e foram indicados a prêmios, tiveram reconhecimento da crítica e, principalmente, presentearam o público com trabalhos que trazem marcas muito pessoais e autorais. Se antes não eram nomes conhecidos, agora, apesar de não terem se tornado celebridades, são dignos de aposta. Os escolhidos foram a banda de rock Los Diaños, a cineasta e jornalista Joana Nin, a escritora e roteirista Sabina Anzuategui e o ator Elder Gattely. Brindemos a eles.

Saindo da gavetaNo mês de abril, quando foram anunciadas as 40 bandas independentes brasileiras selecionadas para a primeira etapa do festival Claro Que É Rock, uma das duas curitibanas escolhidas era desconhecida para grande parte do público local. Até então, pouca gente havia ouvido falar do quarteto Los Diaños, que costumava tocar apenas em pequenos festivais. A inusitada mescla de jazz antigo dos anos 40 com punk rock e psychobilly (aliada ao visual do grupo, que se apresenta de terno e chapéu) chamou a atenção de público e crítica, rendendo à banda convites para participar de outros eventos de peso na cena local, como o Curitiba Rock Festival e o Psycho Carnival. Além disso, o quarteto foi chamado para gravar uma participação no programa Banda Antes, da MTV Brasil. "2005 foi o ano em que nós saímos da gaveta", brinca Rafael Higino da Silveira, vocalista, trompetista e letrista do Los Diaños. E o reconhecimento deve continuar no ano que vem. Segundo RHS, até março a banda lança um videoclipe e seu segundo registro de estúdio, ainda sem título definido.

A vida no varalQuem escuta a singela voz de Sabina Anzuategui dificilmente imagina as viscerais experiências descritas nas páginas de Calcinhas no Varal. Estréia literária da autora, lançada em abril pela editora Cia. das Letras, o livro narra em tom confessional o amadurecimento e ritos de passagem de uma menina de 18 anos que troca o interior pela vida urbana da cidade de São Paulo. Nascida em Curitiba, em 1974, Anzuategui foi estudar na Universidade de São Paulo em 1993. Também foi roteirista de três curtas-metragens, incluindo Desmundo, de Alain Fresnot, de 2002. Mandou textos para editoras desde 1997, mas emergiu como escritora somente agora, com Calcinha no Varal. Conta que o livro não chamou muita atenção à época do lançamento, a não ser o interesse de algumas publicações especializadas. Uma coluna do psicanalista Contardo Calligaris na Folha de S.Paulo mudou as coisas, fazendo com que Anzuategui fosse convidada para escrever na revista TPM.

Do jornalismo ao cinemaJoana Nin vivia a rotina jornalística quando cobriu pela televisão a primeira grande rebelião ocorrida no Presídio de Piraquara, em 2001. Interessou-se pelas histórias daquela gente, pesquisou o assunto por quatro anos e conseguiu R$ 60 mil em um edital da Petrobrás para fazer o seu primeiro filme. Em abril, no CinePE – Festival do Audiovisual, em Recife, estreou Visita Íntima, que apresenta depoimentos de mulheres que têm ligações afetivas com namorados ou maridos encarcerados. Saiu do evento com três prêmios para seguir o circuito de festivais colecionando estatuetas em Curitiba, Belo Horizonte, Gramado, Vitória, Rio de Janeiro, São Paulo, Chapada dos Guimarães e Goiânia. A jornalista virou notícia em todos os suplementos culturais da impensa paranaense. A recepção foi tão positiva que Joana decidiu abandonar o jornalismo e seguir carreira no cinema. Ontem estava na Eslováquia comemorando a véspera de Natal com amigos, antes de seguir para Portugal, onde deverá divulgar seu festejado documentário.

Vida de insetoO ator Elder Gattely já conta com dez anos de profissão nas costas e duas estatuetas do Troféu Gralha Azul – ator coadjuvante por Lágrimas Puras em Olhos Pornográficos (2000) e melhor ator para teatro infantil por O Grande Rei Leão (2004). Mas foi neste ano que Elder talvez tenha alcançado o maior destaque de sua trajetória. Ao todo, o ator participou de seis peças, três das quais são as grandes indicadas ao 26.º Troféu Gralha Azul – Cosmogonia, Metamorphosis e Capitu – Memória Editada, as duas últimas dirigidas por Edson Bueno. Além disso, Elder concorre a melhor ator no prêmio, por sua elogiada performance no papel do homem-inseto Gregor Samsa, protagonista do texto de Franz Kafka adaptado para o teatro. "Foi uma ano de muitas realizações, fiz trabalhos de que gostei e trabalhei com pessoas que sempre quis", conclui Elder. Seu desempenho, aliás, vem ultrapassando fronteiras estaduais. Em 2006, deve decidir entre continuar em Curitiba ou aceitar propostas de trabalho no Rio de Janeiro e em São Paulo.

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