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O técnico Antônio Lopes comanda um treino do Clube Atlético Paranaense no Estádio Joaquim Américo, a Arena da Baixada | Daniel Castellano/Gazeta do Povo
O técnico Antônio Lopes comanda um treino do Clube Atlético Paranaense no Estádio Joaquim Américo, a Arena da Baixada| Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo

A editora Europa lançou a edição 2011 do livro O Melhor do Fotojornalismo Brasileiro. O compêndio reúne algumas das melhores imagens dos principais fotojornalistas do país feitas durante o ano de 2010, marcado principalmente pela Copa do Mundo na África do Sul, pelo combate da cidade do Rio de Janeiro ao crime organizado e pelas tragédias naturais. Dentre os jornalistas escolhidos pelo editor da revista, Sérgio Branco, quatro são colaboradores da Gazeta do Povo: Albari Rosa, Daniel Castellano, Jonathan Campos e Valterci Santos.

Nos trabalhos dos fotógrafos, destaca-se o tema futebol. Albari Rosa, que cobriu o amistoso entre as seleções do Brasil e do Zimbábue, na capital do país africano, Harare, conta que as fotos feitas antes da partida, e principalmente do lado de fora do estádio, podem ser tão surpreendentes quanto os momentos flagrados durante o jogo. "Havia um clima de tensão muito grande por parte de toda a imprensa, as histórias sobre o Zimbábue eram muito piores do que as que havíamos escutado sobre a África do Sul. O conselho que nos davam era para não sairmos de dentro do estádio. Porém, quando fui fotografar os arredores, descobri um povo muito feliz, em festa por ver a Seleção Brasileira pela primeira vez", lembra. Foi nessa ocasião que flagrou a alegria de uma vendedora que fritava batatas fritas em plena calçada do estádio. "Eles vendiam todo tipo de comida do lado de fora", ri.

Já Valterci Santos retratou a felicidade e a tristeza do futebol na ocasião da eliminação da Seleção Brasileira na Copa do Mundo, que perdeu do time da Holanda de virada, por 2 a 1. Ele conta o momento: "Queria pegar uma foto que resumisse o pesar do time. Foi quando vi o [jogador] Daniel Alves jogado no chão, desolado, enquanto um jogador da Holanda comemorava ao fundo. O Daniel havia dado a camisa naquele jogo, poucos atletas estavam tão arrasados como ele". Não teve dúvidas quanto à força da imagem: "No instante em que vi, sabia que seria a capa do jornal".

O fato de não haver uma situação excepcional a ser fotografada não significa a falta de boas fotos. Daniel Castellano aproveitou um dia de treinamento do clube Atlético Paranaense, sob o comando do então técnico Antonio Lopes, para compor uma imagem que puxa o fotojornalismo para um viés artístico. "Eu gosto de experimentar nas minhas fotos, mesmo em uma ocasião corriqueira. Gosto de pensar que o meu trabalho também tem um pouco de arte", explica Castellano, que diz se inspirar em fotógrafos próximos, como o colega Jonathan Campos.

É de Campos, inclusive, uma das fotos mais comoventes da publicação. Durante uma visita à cidade alagoana de Branquinha, uma das mais devastadas pela cheia do Rio Mundaú em junho do ano passado, ele flagrou o olhar de agradecimento de uma pequena garotinha que havia recebido uma garrafa d’água de um soldado do exército. "Não haviam muitas crianças ali na igreja onde estavam fazendo doações, e ela abraçou a garrafa d’água com profunda gratidão". O fotógrafo diz que a foto foi uma lição de vida para ele. "A gente precisa mostrar para o leitor o que a gente vê ali, mesmo que seja ruim. Mas é sempre comovente ver que há beleza nas piores tragédias".

Serviço

O Melhor do Fotojornalismo Brasileiro – Edição 2011. Editora Europa, 200 págs., R$ 89,90.

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