Em julho de 1928, o poeta Carlos Drummond de Andrade (1902-1987) publicou o poema "No Meio do Caminho" na Revista de Antropofagia, dos modernistas. Você já deve ter ouvido falar dos versos que começam com "No meio do caminho tinha uma pedra/ tinha uma pedra no meio do caminho/ tinha uma pedra/ no meio do caminho tinha uma pedra".
O Instituto Moreira Salles (IMS) acaba de publicar Uma Pedra no Meio do Caminho Biografia de um Poema, uma versão ampliada do livro que o próprio poeta lançou em 1967, para celebrar os 40 anos da pedra que marcaria sua vida para sempre. Os acréscimos da nova edição são do poeta Eucanaã Ferraz, que produziu também uma apresentação completa tudo que você precisa saber sobre a obra está ali.
A história é a seguinte. Os versos de Drummond causaram um impacto midiático semelhante ao que uma fofoca de atriz de novela tem nos dias de hoje. Todo mundo teve algo a dizer (ou achava que tinha) a respeito da pedra. Surgiu de tudo: pessoas defendendo o poema, outros execrando, muitos não entendendo...
O que Drummond fez, como bem observa Ferraz, foi usar as suas qualidades de funcionário público diligente para criar um arquivo extenso sobre o que era dito a respeito de "No Meio do Caminho". Trata-se uma maneira rara de lidar com uma ferida e o poeta disse que se sentiu, de fato, atingido pelas críticas.
A compilação pega trechos de jornais, revistas e até cartas que Drummond recebeu, como a de Mário de Andrade em que este sentencia: "Me irrita e me ilumina. É símbolo".
Além da parte textual, há uma série de cartuns, charges e tiras, mais os textos do capítulo "Biografia da Biografia", que abordam o livro montado pelo poeta.
Serviço: Uma Pedra no Meio do Caminho Biografia de um Poema, de Carlos Drummond de Andrade (seleção e montagem), edição ampliada por Eucanaã Ferraz. Instituto Moreira Salles, 344 págs., R$ 50.
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