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Ingrid coordenou a Oficina de Música de 1983 a 2001, e foi homenageada na abertura da 30ª edição, que se encerra hoje | Felipe Rosa/Gazeta do Povo
Ingrid coordenou a Oficina de Música de 1983 a 2001, e foi homenageada na abertura da 30ª edição, que se encerra hoje| Foto: Felipe Rosa/Gazeta do Povo

Término

30ª Oficina de Música tem encerramento

Termina hoje, com um show de Letieres Leite e Orkestra Rumpilezz, às 21 horas, no Teatro Guaíra (Pça. Santos Andrade, s/nº) a segunda e última fase da 30ª Oficina de Música de Curitiba. O festival começou com a etapa erudita no dia 8 de janeiro, com mais de 900 alunos inscritos em cursos do núcleo clássico e antigo.

A fase foi encerrada no dia 18 com um concerto magistral, em que mais de 300 instrumentistas e cantores – todos alunos da oficina – executaram a Nona Sinfonia de Beethoven, regidos pelo maestro da Orquestra Sinfônica do Paraná, Osvaldo Ferreira (que também levou a orquestra à sua primeira participação na história do evento).

A oficina de MPB começou no dia 19, e totalizou um recorde de alunos inscritos: somados aos da fase erudita, 2 mil estudantes de música tiveram aula com cerca de 100 professores de 18 países nos núcleos de música antiga, música e tecnologia e música latino-americana. Os espetáculos, somados os shows da mostra oficial e o chamado "circuito off", que leva professores e alunos para alguns bares da cidade, passaram de cem.

A pianista e cravista Ingrid Seraphim foi uma das criadoras da Oficina de Música de Curitiba, que teve a primeira edição em 1983. Criado para aprimorar os músicos da Camerata Antiqua de Curitiba –instituição também fundada por Ingrid –, o evento teve 200 alunos já em seu ano de estreia. Em 1995, o conjunto de aulas, concertos e recitais já somava 1,5 mil participantes. A musicista coordenou a oficina até 2001. Na 30.ª edição, que se encerra hoje, Ingrid foi lembrada pela organização logo na cerimônia de abertura. Na quinta-feira, falou com a Gazeta do Povo em sua casa, no Centro Cívico, sobre como vê a história do evento desde sua criação.

Neste ano, o número de participantes da oficina chegou a 2 mil. O que a fez crescer tanto?

Uma das coisas importantes é que as oficinas sempre foram voltadas para os alunos, e se tornaram uma oportunidade para eles se apresentarem em público. Porque não adianta saber tocar muito bem em casa. Na época em que criamos a oficina, não havia muitas oportunidades. Hoje todo mundo espera pela oficina – não só os alunos, que mandam inscrições com meses de antecedência, mas a população em geral.

A que a senhora atribui o sucesso que tiveram?

Se a cidade dá recursos e eles são bem aplicados, as coisas vão em frente. Por isso o apoio dos dirigentes é importante. Por causa dos presidentes da Fundação Cultural de Curitiba, da população em geral, do Estado, da UFPR, das indústrias e consulados que colaboraram, não houve interrupções. A gente sempre teve esse crédito, essa confiança de que o recurso seria bem aplicado e voltaria para os estudantes e para a população. Em termos de Brasil, acho isso maravilhoso, porque muita coisa aqui começa bem e vai morrendo.

A senhora acha que a oficina ajudou a criar uma perenidade maior na cena musical curitibana?

A oficina ajudou a direcionar muitos alunos para a música. Muitos deles acharam seus caminhos, criaram oportunidades para estudar fora, se profissionalizaram e foram chamados para lecionar aqui. O movimento de música antiga também fomos nós que começamos, com a Camerata, em 1974 – na época dos festivais internacionais, que aconteceram entre 1967 e 1977. Depois que terminou aquele festival, todo mundo foi para casa, a cidade ficou calminha. Mas resolvemos continuar. A gente trouxe uma contribuição pequena e ela foi crescendo. Da Camerata, surgiram grupos menores de câmara. As coisas foram evoluindo com o tempo, uma coisa foi puxando a outra. Claro que, nesse tempo todo, também cresceu o número de auditórios, já que antigamente eram poucos os espaços. No começo, tinha só o Teatro do Paiol.

Então, em comparação à época da criação da oficina, temos uma vida musical mais intensa?

Por um lado, são oferecidas muitas possibilidades. Por outro, as coisas mudaram muito. Antigamente, a música era mais cultivada em ambientes pequenos, no ambiente da família. Agora, não se tem mais essas oportunidades por causa da televisão, do computador. Era uma coisa que estava dentro da vida de antigamente. E não sei se isso tem retorno. A vida já é outra. São outros atrativos, oportunidades. Fora da oficina, há poucos alunos agora. No meu tempo, era uma efervescência, muita gente estudava música. Agora menos jovens podem se dedicar, porque há muito mais exigências e competição.

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