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O gáucho Jorge Furtado é um dos principais nomes do cinema brasileiro atual. Diretor de três longas-metragens (entre eles O Homem Que Copiava), ele também escreve roteiros para séries e programas de televisão na Rede Globo. A carreira nas telas sempre foi acompanhada de investidas na literatura, com a publicação de livros de contos e dos roteiros de seus filmes.

Neste ano, Furtado investe ainda mais no seu lado escritor com o lançamento de seu primeiro romance, Trabalhos de Amor Perdidos (246 págs., R$ 36,90), livremente inspirado na peça homônima de William Shakespeare. O título inaugura a coleção Devorando Shakespeare, da Objetiva, que propõe aos autores a criação de romances urbanos e contemporâneos inspirados nos textos do dramaturgo inglês. Os próximos lançamentos do selo serão escritos por Adriana Falcão (Sonhos de uma Noite de Verão) e Luis Fernando Verissimo (Noite de Reis).

Algumas marcas inconfundíveis de Furtado, tanto no cinema como na televisão, aparecem na nova obra. A mais visível é sua predileção (fixação) por números e coisas ordenadas, como listas e dados diversos – o livro conta muitas notas de rodapé sobre Shakespeare, citando trechos no original ou traduzidos de suas obras; inclui também um apêndice com 900 personagens criados pelo bardo, indicando as peças em que foram citados.

A história de Trabalhos de Amor Perdidos – uma das poucas originais que Shakeaspeare escreveu, característica que atraiu Furtado – se passa no reino de Navarra, em 1595. Um rei e alguns nobres fazem um juramento de passar três anos se dedicando apenas aos estudos. Mas a chegada de uma rainha francesa e princesas altera todos os planos.

O texto atualizado acontece em Nova Iorque. Robin, ator e diretor de teatro brasileiro, ganha uma bolsa de uma instituição americana para desenvolver um projeto relacionado a Shakespeare. Nos EUA, ele se torna amigo do americano Duck e do canadense Gavin, também bolsistas. O trio repete a promessa de apenas estudar, mas novas paixões os tiram facilmente do caminho imaginado. Robin cai de amores por Suhair, uma nobre jordaniana , também colega de curso.

Assim como outros personagens que criou, Robin tem um pouco de Jorge Furtado – é porto-alegrense e gremista. Romântico incurável, o escritor o faz encarar uma paixão quase impossível de se concretizar, assim como os protagonistas dos três longas que realizou. O texto do gaúcho corre solto e agradável nas partes ficcionais. Mas se torna um pouco pesado nas citações – a grande quantidade de notas de rodapés atravanca a leitura. Há um problema também na resolução abrupta da história, relacionada aos atentados do 11 de Setembro. GGG

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