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“Atravessamento”, de Eliane Prolik: obra interfere diretamente na percepção do espaço e na interação do espectador, que pode atravessar a passarela de ferro galvanizado | Marcelo Almeida/Divulgação
“Atravessamento”, de Eliane Prolik: obra interfere diretamente na percepção do espaço e na interação do espectador, que pode atravessar a passarela de ferro galvanizado| Foto: Marcelo Almeida/Divulgação

Profissionalização da arte

Ana Rocha conta que a ideia para montar o escritório FinnaCena veio de uma necessidade de profissionalizar a cena artística de Curitiba: "Hoje em dia, o artista organiza todo o projeto, faz a produção, divulgação, en­­fim, assume muito mais fun­­ções do que apenas ser artista. O escritório se encarrega de fornecer o apoio logístico e comercial ao cliente".

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  • A instalação de Deborah Bruel – uma foto da própria galeria plotada em uma parede falsa – cria a sensação de duplicação do espaço expositivo

Quatro artistas paranaenses estão levando em conjunto os seus trabalhos para Brasília. A exposição O Espaço Aberto, que terá sua inauguração amanhã, na Caixa Cultural da capital federal, conta com instalações de Eliane Prolik, Cleverson L. Sálvaro, Deborah Bruel e Joana Corona. Com curadoria de Ana Rocha e produção da FinnaCena Escritório de Arte – empresa dirigida por Ana e seu sócio, Igor Dantas (leia mais na matéria abaixo) – a exposição procura mostrar a interação dos artistas com a arquitetura de duas salas da galeria e propor, com isso, um debate entre o espaço ex­­positivo em relação direta com a obra de arte.

Os trabalhos são pensados es­­pecialmente para o espaço da Caixa Cultural. É o que diz Deborah Bruel, que questiona, em sua obra sem título, justamente o espaço vazio da exposição. Ela explica que trata-se de uma foto da própria galeria plotada em uma parede falsa circundada por espelhos. "Dá uma impressão de duplicação do espaço, mas os espelhos quebram a continuidade da linha do chão, geram uma sensação de estranheza", diz.

Deborah expõe na sala Picolla I, e divide o lugar com a instalação de Eliane Prolik, intitulada "Atravessamento". Com uma passarela de 12 metros feita de placas de ferro galvanizado e perfurado, a artista conta que propõe um debate sobre a relação da escala humana com a escala arquitetônica das grandes cidades. "A escultura tem um chão, uma parede, um corrimão e o título se dá não só pelo atravessamento da luz pelos furos do metal, mas também porque ela atravessa o espaço da galeria, que tem um formato de corredor, e o espectador pode passar através da obra".

Já na sala Piccola II, Joana Corona expõe a instalação "Floema", na qual, mais uma vez, usa a luz para projetar palavras recortadas do livro Fluxo-Floema, da escritora Hilda Hilst. A artista, que tem predileção pela literatura e pela iluminação para compor seus trabalhos, explica: "a literatura de Hilda Hilst tem um fluxo interessante, com uma pontuação singular. O meu trabalho tem esse deslocamento que acontece na literatura, pois o espectador precisa ficar numa posição específica para ler as palavras".

No mesmo espaço, Cléverson L. Sálvaro construiu uma curva em madeira que sai da parede e desce até o chão, formando um diâmetro de 3,3 metros e quase fechando o ambiente. "A obra do Cléverson dialoga bastante com a minha, pois cria um bloqueio não só físico, como também visual, pelo qual o espectador precisa passar para chegar à minha instalação", diz Joana. Deborah também acredita que a discussão entre espaço expositivo e obra de arte passa pela divisão do lugar com a instalação de Eliane: "O espectador atravessa a obra da Eliane para chegar à minha. Funciona como um fio condutor que guia o olhar do observador para o fundo falso que criei".

Ana Rocha explica que elaborou o projeto da exposição para inscrever no edital da Caixa com os conceitos já definidos. "Todos os artistas participantes têm trabalhos com uma relação muito forte de interferência no espaço arquitetônico. Mais do que isso, os trabalhos alteram também a percepção do espectador, que precisa caminhar sobre uma obra, ou passar em volta de outra. O seu trajeto também se altera e a interação, nesse caso, é muito maior."

Serviço

O Espaço Aberto. Caixa Cultural de Brasília – Galerias Picolla I e Picolla II. SBS, Quadra 4 lote 3/4, anexo do edifício Matriz da Caixa, (61) 3206-9448. De terça a domingo, das 9 às 21 horas. Em cartaz até 14 de agosto.

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