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Sem museu, Foz do Iguaçu concentra as exposições no auditório da Fundação Cultural. Espaços alternativos em shoppings e centros de visitantes são usados como opção | Christian Rizzi/Gazeta do Povo
Sem museu, Foz do Iguaçu concentra as exposições no auditório da Fundação Cultural. Espaços alternativos em shoppings e centros de visitantes são usados como opção| Foto: Christian Rizzi/Gazeta do Povo

Exposições

Saiba quais são as mostras programadas para viajar pelo Paraná este ano:

• Pescadores de Tainha (MON).

• Memória e Imagem: nas Lentes de Guilherme Glück (MIS).

• Bens Tombados do Paraná(Patrimônio Cultural).

• Marcas do Tempo (Museu Paranaense).

• Desejo de Salão (MAC).

24,8%

é o porcentual de museus concentrados na capital do Paraná. É o maior índice entre os estados do Sul, segundo levantamento do Ibram.

Jacarezinho conta com três espaços

Marco Martins, correspondente

No Norte Pioneiro do Paraná, apenas Jacarezinho recebe anualmente exposições de arte. A cidade, com pouco menos de 40 mil habitantes, faz parte do roteiro do Salão Paranaense de Artes Plásticas. Por conta dessa tradição, o município tem hoje três locais disponíveis com infraestrutura considerável para receber mostras de arte, entre elas, as do programa Museus Paraná. De acordo com a prefeitura, a cada ano a etapa do Salão Paranaense acontece em um espaço diferente, e, por isso, a cidade buscou melhorias para os dois anfiteatros e transformou um hotel em museu.

Em Santo Antônio da Platina, na mesma região, não há museus ou salas disponíveis para receber as mostras itinerantes. Conforme o secretário municipal de Cultura, Carlos Alberto da Anunpciação, a intenção é transformar, ainda em 2012, um imóvel que pertence ao município em um Centro Histórico, e preparar o lugar para receber obras de arte.

  • Jacarezinho é um dos municípios com infraestrutura adequada para receber as exposições da Seec

A centralização de instituições museológicas nas metrópoles não é só uma realidade local, mas nacional: dados do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram) apontam que a taxa de museus localizados em capitais é de 30,5% no país. Na semana passada, o estado deu início ao programa Museus Paraná, que tem a intenção de levar exposições, capacitação e apoio técnico para municípios do interior. Porém, mesmo cidades de médio porte enfrentam problemas como locais pequenos e até mesmo a falta deles: Foz do Iguaçu, por exemplo, ainda não tem museu.

Segundo a coordenadora do Sistema Estadual de Museus, Christine Vianna Baptista, a ação da Secretaria de Estado da Cultura (Seec) tem a intenção, justamente, de incentivar os municípios a melhorarem suas instituições já que, para receber uma exposição, é necessária infraestrutura adequada. Entretanto, caso o município apresente essa deficiência, o apoio técnico da Seec entra para orientar o que é necessário fazer. "Se não atende a essas exigências, não há nem como apresentar projetos para a Lei Rouanet, por exemplo", explica.

A cidade também fica responsável pela logística (transporte, embalagem e seguro, no caso de uma exposição de acervo) da ida de uma mostra – e o programa se concentrará nos acervos dos principais museus como o Oscar Niemeyer (MON), de Arte Contemporânea (MAC) e Museu da Imagem e do Som (MIS). Para este ano, estão programadas cinco exposições que percorrerão oito macrorregiões do estado. Christine reconhece que há limitações – a maioria das mostras são fotográficas e outras serão reduzidas para irem ao interior. "Pretendemos que isso gere uma movimentação cultural na cidade, deixe um legado", diz.

Em Londrina, apesar da intensa produção cultural e de artistas locais reconhecidos, a estrutura para exposições de arte é frágil. O Museu de Arte de Londrina (MAL) é o principal espaço, e que, por falta de recursos, apresenta uma série de deficiências. "Temos um museu sem condições físicas adequadas", observa a artista plástica Letícia Marquez. Boa parte dos custos de uma montagem são bancados pelo próprio expositor. "O que a gente não consegue via Promic [Programa de Incentivo à Cultura], tiramos do bolso. Neste ano, paguei pintor, eletricista, montador, entre outras coisas, para uma exposição", conta.

Nem por isso, deixam de chegar acervos importantes em Londrina. Em 2010, para receber, do Instituto Moreira Salles, os mais de 200 trabalhos da exposição Haruo Ohara – com obras do fotógrafo japonês radicado em Londrina –, o Museu de Arte e o Museu Histórico se uniram. "Com isso, oportunizamos acesso à população", explica a diretora do MAL, Sandra Jóia, reconhecendo que ambos os museus estão em espaços improvisados. Para ela, a cidade vai poder contar com locais adequados quando o Teatro Municipal, cuja construção se arrasta há anos for concretizada. "Nele teremos salas de exposições com pé direito alto e iluminação adequada", conta.

Já Foz do Iguaçu, conhecida pelas belezas naturais e pelo grande volume de turistas que visitam a cidade todos os anos, conta atualmente com apenas um espaço público próprio para exposições. Sem museu, o auditório da Fundação Cultural – que tem boa demanda, segundo o diretor Adelino de Souza – acaba sendo a única opção para os artistas plásticos e para a população. O saguão dos shoppings, centros de recepção de visitantes, uma sala na rodoviária e o hall de entrada de algumas universidades acabam sendo as alternativas.

A falta de espaço e consequentemente de motivação prejudica a produção local, além de deixar a cidade de fora do circuito cultural. Como ressalta a artista plástica Maria Cheung, Foz já perdeu várias oportunidades de receber mostras importantes por não ter condições apropriadas. "Sem estímulo, o artista também acaba deixando de pensar em expor."

Centralização

Para o presidente o Ibram, José do Nascimento Júnior, a concentração em capitais não é problema, desde que cada município tenha o seu museu. "As cidades e as políticas estaduais têm de criar um processo de articulação para criar museus, principalmente pela proximidade da Copa. Em Foz do Iguaçu, haverá muita entrada de visitantes, é necessária qualificação", salienta. A professora de Artes Visuais Maria Cristina Mendes, da Universidade Tuiuti do Paraná, lembra que o principal problema da área é o orçamento. "A cultura tem pouco dinheiro, e isso dificulta as ações."

Museu de Maringá aposta em interatividade

Marcus Ayres, da Gazeta Maringá

Em Maringá, a visitação de espaços artísticos aumentou consideravelmente desde o final do ano passado, quando foi inaugurado o museu do Centro Universitário de Maringá (Cesumar). A instituição privada de ensino investiu cerca de R$ 2 milhões na criação do local.

Para atrair público, o museu apostou em atrações como um cinema 4D e local de interação com ambientes virtuais, que utiliza um software de captação de movimentos. Segundo a coordenadora Tatiane Cruz, o espaço está recebendo, em média, 2 mil visitantes por mês. "Antes da inauguração, o local mais frequentado na cidade recebia cerca de 400 pessoas mensalmente. O público tem procurado cada vez mais esse dinamismo, que é a nossa proposta."

O local também disponibiliza uma programação de exposições itinerantes – atualmente, está em cartaz a mostra Em Extinção, que reúne quadros do artista maringaense Marcos Molinari.

Mais museus

Além do Museu Cesumar, Maringá tem pelo menos outros três espaços. O câmpus da Universidade Estadual de Maringá (UEM) abriga o Museu da Bacia do Paraná – instalado na primeira casa construída no município; e o Museu Dinâmico Interdisciplinar (Mudi), voltado para a pesquisa científica. A cidade conta ainda com o Museu de História e Arte Dr. Hélenton Borba Côrtes, que costuma receber cerca de dez exposições por ano (algumas em parcerias com o Museu Oscar Niemeyer). Para a secretária municipal de Cultura, Flor Duarte, a quantidade de espaços ainda não está de bom tamanho. "Esses processos culturais são lentos. Precisam ser construídos numa parceria entre os gestores culturais e os artistas." Contudo, ela acredita que o cenário melhorou. "As exposições estão mais bem cuidadas e interessantes. O público valoriza mais os museus que não são mais dedicados somente ao passado."

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