• Carregando...
Confira o gabarito |
Confira o gabarito| Foto:

Nos palcos

São Paulo

- Miss Saigon – Produção de Cameron Mackintosh. Música de Claude-Michel Schönberg e letras de Richard Maltby Jr. e Alain Boublil. Direção de Fred Hanson. Direção musical de Miguel Briamonte. Tradução de Cláudio Botelho. Com Nando Prado, Lissah Martins, Marcos Tumura e Cristina Cândido. Teatro Abril (Av. Brigadeiro Luís Antônio, 411 – Bela Vista, São Paulo), (11) 6846-6060. De quarta a sexta-feira, às 21 horas; sábado, às 17 e 21 horas; e domingo, às 16 e 20 horas. Ingressos de R$ 32,50 a R$ 200.

- Os Produtores – Texto de Mel Brooks e Thomas Meehan. Adaptação e direção de Miguel Falabella. Direção coreográfica de Chet Walker. Com Miguel Falabella, Vladimir Brichta e Juliana Paes. Tom Brasil. Estréia dia 15 de setembro. Informações sobre horários e ingressos no site www.tombr.com.br .

Rio de Janeiro

- 7 – O Musical – Texto e direção de Charles Möeller. Letras de Claudio Botelho. Música de Ed Motta. Direção musical de Ed Motta e Claudio Botelho. Com Alessandra Maestrini, Zezé Motta e Rogéria, entre outros. Teatro João Caetano (Praça Tiradentes), (21) 2299-2142/2299-2141. Estréia dia 1.º de setembro. Quinta e sexta-feiras, às 19h30; sábado, às 20 horas; e, domingo, às 18 horas. Ingressos a R$ 40 (quinta e sexta) e R$ 50 (sábado e domingo) à venda no site www.ingresso.com.

"O povo brasileiro é musical por natureza, por isso, a gente se identifica tanto com o teatro musical". A afirmação é do artista curitibano Marcos Tumura, que há 20 anos participa de espetáculos musicais no Rio de Janeiro e São Paulo e, atualmente, é um dos protagonistas de Miss Saigon, em cartaz no Teatro Alfa, na capital paulista.

Pode ser. Mas, há muito tempo, o gênero é um dos mais populares em países onde a população não é exatamente reconhecida pelo seu ritmo e rebolado, como os Estados Unidos, a Inglaterra e o Canadá. Então, qual a explicação para o estrondoso sucesso das versões brasileiras de espetáculos criados nos templos do musical – a Broadway, em Nova Iorque, e o West End londrino – que proliferam no Brasil desde o começo desta década?

A funcionária pública Guerrit Rucker não perde um musical em exibição em São Paulo. Com a mãe, de 97 anos, ela já assistiu aos clássicos A Bela e A Fera, Chicago, O Fantasma da Ópera, O Mágico de Oz e My Fair Lady, só para citar alguns. "Amo musicais. Faço qualquer negócio para ir ver", diz. Na próxima semana, as duas participam de uma excursão promovida por Valderez Pereira, proprietária da Estilo Viagens Culturais.

Guerrit nunca viu os espetáculos originais exibidos fora do Brasil. "Nossos artistas têm a máxima categoria. Alguns amigos viram O Fantasma da Ópera original e me garantiram que o que foi exibido aqui não deixa nada a dever", afirma. A própria Valderez conta que não perde o "bem-bom". Durante a temporada de O Fantasma da Ópera, por exemplo, ela levou dez excursões a São Paulo e só em uma das vezes não assistiu à montagem. "Cheguei a decorar algumas falas", diverte-se.

Rito social

Mas, é exatamente o clima de "bem-bom" envolvendo estas megaproduções musicais que incomoda o design Gustavo Piqueira. Em uma crônica publicada no jornal Folha de S. Paulo, no dia 29 de julho, ele ironiza: "Ir a um musical nada tem a ver com a qualidade do espetáculo em si. Duvida? Então confira as taças de champanhe que circulam pelo intervalo".

Piqueira não pretende julgar o valor ou a legitimidade das produções, mas o modo como as pessoas se relacionam com os produtos culturais. "Nesse caso específico, musicais da Broadway que chegam a São Paulo com uma pesada campanha publicitária, ancorada no mantra ‘sucesso da Broadway’. E aí um bando de gente que não tem a mínima paixão por musicais – sejam da Broadway, de Curitiba ou da Amazônia – superlota os teatros", escreve, em entrevista por e-mail ao Caderno G.

O bailarino e coreógrafo Júlio Mota, ele próprio diretor da adaptação do musical infantil Os Saltimbancos, em cartaz até amanhã no Teatro Regina Vogue, em Curitiba, é menos radical. Ele concorda que a propaganda contribui para promover essa ida febril aos musicais, mas a qualidade técnica e o material humano também encantam as platéias. "A história pode até ser boba. Mas, esteticamente, estes espetáculos te pegam. Por isso, pessoas que nunca foram ao teatro vão ver os musicais e acabam voltando para assistir outras montagens", considera.

Se a explosão do gênero musical contribui ou não para a formação de platéia é uma discussão que dá pano para manga. Piqueira é combativo: "Você acredita que filmes do Van Damme formam futuros espectadores de Ingmar Bergman?" A crítica teatral do jornal O Estado de S. Paulo, Beth Nespoli, acha difícil mensurar. "Mas acho que gosto também se forma. Se um espectador se acostuma a ver grandes produções, voltadas para o entretenimento, provavelmente vai estranhar, e talvez rejeitar, o teatro feito para provocar ou uma estética despojada".

Suspeito para falar, mas com vasta experiência no assunto, o ator e diretor Claudio Botelho, tradutor de grande parte dos espetáculos musicais exibidos nos últimos anos, considera que o musical trouxe de volta ao teatro o público que havia sido perdido para a TV a cabo e a internet. Além disso, gera trabalho e formação para artistas e técnicos brasileiros.

"São produções de grande porte, que empregam mais de cem profissionais a cada montagem e que favoreceram a criação de um amplo mercado de trabalho para músicos, cantores e técnicos, que não estariam trabalhando sem o advento destas produções", afirma.

Abre-se um novo (e rentável) campo de trabalho. Mas, a julgar pelo testes de elenco prolongados e pela seleção freqüente de atores já tarimbados no gênero, como Daniel Boaventura e Marcos Tumura, falta capacitação específica para os artistas brasileiros.

Júlio Mota conta que, ao selecionar o elenco de Os Saltimbancos, teve dificuldades para encontrar artistas com as habilidades necessárias para participar de um musical. Aprender a cantar, dançar e atuar ao mesmo tempo ainda não é coisa que se aprenda nas escolas de arte do Brasil, diferentemente do Estados Unidos, onde o musical é praticado no ensino médio.

No curso de Artes Cênicas da Faculdade de Artes do Paraná (FAP), por exemplo, já existe formação musical para atores, mas ainda muito tímida. "Cantar parado e cantar correndo é completamente diferente. Mas a tendência é que essa formação para musicais se torne realidade", afirma Paulo Biscaia, diretor, dramaturgo e professor da FAP. Já começam a despontar idéias de escolas específicas de teatro musical como a do ator Marcos Tumura, que estuda um projeto pioneiro, em parceria com a empresária Ísis Rodrigues, de Curitiba.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]