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 | David D’Visant/Triade Photos/Divulgação
| Foto: David D’Visant/Triade Photos/Divulgação

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Iracema 236ml – O Retorno da Grande Nação Tabajara

Teatro Novelas Curitibanas (R. Pres. Carlos Cavalcanti, 1.222 – São Francisco), (41) 3321-3358. Texto e direção de Leonarda Glück. Com Dani­elle Campos, Clarissa Oliveira, Stéfano Belo, Ricardo Nolasco, Mari Paula e Mano­lo Kottwitz. Quinta-feira a domin­­­go, às 20 horas. Até 25 de maio. Entrada franca. Classificação indicativa: 16 anos.

Iracema 236ml – O Retorno da Grande Nação Tabajara revisita um tema pouco presente em nossos palcos. Ponto para a Selvática Ações Artísticas, que reúne jovens interessados em explorar o teatro performático e as possibilidades do corpo em cena. Na peça, que fica em cartaz até dia 25 de maio no Teatro Novelas Curitibanas, o coletivo desconstrói o romantismo indigenista brasileiro, dotando-lhe de sua visão crítica voltada para as questões de gênero e, nesse caso, de descolonização.

O ponto de vista questionador fica por trás da estrutura flamboyant da companhia, que apresenta sete capítulos na forma de esquetes performáticos, com trechos de interação entre atores, outros de narração e coreografias cênicas.

A "virgem dos lábios de mel" que protagoniza o espetáculo surge muito mais sedutora e menos ingênua do que José de Alencar a retratou. É ela quem parte para cima do europeu, o português que a abandonará grávida para morrer no parto. Vivida por Danielle Campos (na foto), a personagem Iracema 2 conduz a a narrativa, mas não carrega sozinha o peso da heroína. Clarissa Oliveira, Stéfano Belo e Mari Paula trazem outras versões bem diferentes para a moça, calcadas em referências de mulheres fortes, reprimidas e até uma "avulsa, que não tem a menor justificativa para estar ali".

Em coerência com a homenagem feita no programa do espetáculo a Artaud, francês que resgatou para o teatro a noção de ritual, o grupo investe em seus espetáculos num caminho de expressão corporal diferenciado, ainda que a estética de seus movimentos possa ser mais explorada no futuro.

Competindo com a atuação, salta aos olhos o cenário escolhido: dois telões enviesados cujas projeções são contínuas, numa sequência bem alternada que pode ir de uma praia paradisíaca para o interior de uma casa dos anos 70 – destaque para o momento em que silhuetas surgem por trás de uma imagem das areias da Bahia. Mantendo o mesmo timing, as constantes entradas e saídas de cena trazem figurinos criativos e são pontuadas por uma trilha cativante.

As caras e bocas usadas nas performances são propositais, mas a costura feita com uma narrativa acaba deixando a experiência no ar: a poética proposta não fica clara, e a forte ironia que perpassa todo o espetáculo deixa o espectador sem saber qual crítica levar para casa.

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