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Menos expressiva do que as edições anteriores e marcada por problemas técnicos e atrasos na pro­­gramação, a Corrente Cultural 2014, no último fim de semana, confirmou a condição de gran­­de festa popular de Curitiba. Segundo a Fundação Cultural de Curitiba (FCC) e a Polícia Militar (PM), cerca de 150 mil pessoas cir­­cularam entre os cinco palcos.

De acordo com o Major Pontes, do 12.º Batalhão da PM – responsável pela segurança pública do evento –, não houve registro de furtos e roubos. Para o diretor de comunicação da FCC, Diogo Dreyer o resultado foi "positivo em razão da limitação orçamentária". A FCC admite pro­­blemas técnicos, principalmente em relação à qualidade do som. "Sabemos que ficou aquém do padrão e pedimos desculpa por isso. Vamos apurar o que aconteceu em cada palco", declarou Dreyer. As falhas explicam, em parte, os atrasos. "Houve ainda, no palco da Rua XV, um ‘efeito cascata’ criado pelo show de Elza Soares, que terminou uma hora depois do previsto em razão da empolgação do público e da artista".

Rolou

Pratas da casa

Maiores e mais diversificadas do que em outras edições, as apresentações das bandas e artistas curitibanos se destacaram. Em especial no Palco Ruínas, um lugar pronto e ótimo para receber shows que "ferveram", como o das bandas Gripe Forte, Uh La la!, Auda e O Lendário Chucrobillyman.

Eletroloucos

A Tenda Eletrônica do Largo da Ordem, com todas as suas cenas bizarras-engraçadas-pitorescas, trouxe uma nova perspectiva e um público inédito. Foi, no mínimo, uma interessante experiência etnográfica observar o trânsito amistoso entre os adeptos dos palcos clean e os fãs alucinados de música eletrônica.

Diva Elza

Principal atração, Elza Soares foi a musa desta Corrente Cultural. Mesmo com problemas de saúde, eletrizou o povo com repertório de grandes sambas, deu ótimos recados políticos em favor de gays, negros e mulheres, e interagiu de forma divertida com a cidade – como no caso de sua visita ao Torto Bar.

Dá-lhe Otto

Otto é ponta firme. O pernambucano fez um dos shows mais divertidos – como de praxe, ele tirou a camisa logo na terceira música, sentiu o vento gelado e rapidamente a recolocou – e intensos da noite, baseado no repertório dos discos Certa Manhã Acordei de Sonhos Intranquilos e The Moon 1111. Após duas músicas da Nação Zumbi como grand finale, o povo estava em suas mãos.

"Climão"

O céu de Curitiba não perdoa: só faltou chover (e nevar) no sábado. O dia começou primaveril, com um frio aconchegante, sem ameaças. Mas era 13 horas e começou a ventar. Um pouco depois, um sol tremendo. À noite, frio. No princípio da madrugada, os apenas-de-camiseta sofriam. O domingo amanheceu ensolarado.

Silva

A escalação do capixaba Silva, uma das revelações recentes da música brasileira que fez show inédito em Curitiba, foi um acerto. O palco das Ruínas pareceu ter o tamanho ideal para comportar o pequeno, porém entusiasmado público do cantor por aqui. E Silva não ficou devendo: fez um show irretocável, ajudado por um caso raro de boa sonorização na Corrente que permitiu ouvir em detalhes seu pop esmerado.

Fome de quê?

A 1ª Corrente Gastronômica, que reuniu várias barracas de restaurantes da cidade, foi uma boa opção para quem circulava pelo Centro – por causa do feriado da Proclamação da República, vários estabelecimentos da região estavam fechados. A estrutura comportou bem o público, e o pagamento diretamente nas barracas garantiu agilidade no atendimento e poucas filas.

Não rolou

Público

De acordo com a PM, 150 mil pessoas circularam pelo evento, durante o sábado e a madrugada de domingo. Foi perceptível, entretanto, o menor apelo de público da Corrente Cultural 2014 em relação às outras edições, quanto estado e município propiciavam Virada e Corrente em conjunto, simultaneamente. Apesar da massa em alguns shows, como o de Elza Soares e Otto, vários "vazios" foram observados.

Deslocado

Um dos maiores músicos do país, João Bosco fez um show que dividiu opiniões. Ainda que acompanhado por ótimos músicos, a apresentação não conseguiu empolgar nem seus muitos fãs que foram ao palco Riachuelo. O repertório soou deslocado do clima de festa popular e o artista parecia desconfortável.

Atrasos

Foi como uma onda no mar: o atraso geral em todos os palcos da Corrente Cultural 2014 culminou com vaias e espinafradas para a Cidade Negra, banda que encerrou o evento e se apresentou 2 horas e 40 minutos depois do horário previsto. Também foi como uma bola de neve, já que parte do problema pode ser explicado pelas falhas técnicas em sequência, desde o início do evento.

Policiamento

O evento deste ano contou com menos policiais nas ruas, de acordo com a própria PM. Foram 76 homens ao todo. No fim da noite, a Praça Tiradentes, por exemplo, ficou sem viaturas. O que fez com que muitos optassem por desviar do local entre um show e outro. Ao fim da última apresentação (Cidade Negra, às 1h10 de domingo), uma viatura e dois policiais eram vistos na área interna do Palco da Boca Maldita.

"Teste, som"

Não foram poucos os problemas técnicos de som. Alguns shows, como o do Vocal Brasileirão, no Palco Riachuelo, foram completamente comprometidos. Em casos menos drásticos, como no show da Audac, a banda ficou bem abaixo de seu potencial sonoro e teve que se virar. Festival tem dessas intempéries. A Fundação Cultural de Curitiba admite os problemas e diz que este "não é o padrão do evento."

Cristiano Castilho, Isadora Rupp, Rafael Rodrigues Costa, Sandro Moser e Daniel Zanella, especial para a Gazeta do Povo

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