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Fumante inveterado, Junqueira era tido como referência tanto na produção quanto na tradução de poesia | Fabio Seixo/Agência O Globo
Fumante inveterado, Junqueira era tido como referência tanto na produção quanto na tradução de poesia| Foto: Fabio Seixo/Agência O Globo

Livros

Confira as obras deixadas por Ivan Junqueira:

• Reflexos do Sol Posto

Editora: Rocco (livro de ensaios previsto para agosto)

• Essa Música

Editora: Rocco (coletânea de poemas prevista para outubro)

• Cinzas do Espólio

Editora: Record (ensaios, 2009)

• O Outro Lado

Editora: Record (poesia, 2007)

• Melhores Poemas de Ivan Junqueira

Editora: Global (poesia, 2003)

• O Fio de Dédalo

Editora: Record (ensaios, prefácios e conferências, 1998)

• A Sagração dos Ossos

Editora: Civilização Brasileira (poesia, 1994, esgotado)

• A Rainha Arcaica

Editora: Nova Fronteira (poesia, 1980, esgotado)

• T. S. Eliot

Editora: Nova Fronteira (tradução, 1981)

• Os Mortos

Editora: Atelier da Arte (poesia, 1964, esgotado)

O poeta e tradutor Ivan Junqueira morreu na última quinta-feira, 3, no Rio de Janeiro, aos 79 anos, de insuficiência respiratória. Ele estava internado havia um mês no Hospital Pró-Cardíaco. O corpo foi enterrado no Mausoléu da Academia Brasileira de Letras, no cemitério São João Batista. Ele ocupava a cadeira 37 desde 2000 e era um dos membros mais ativos da casa. Dois livros inéditos serão lançados pela sua editora, a Rocco, até o fim do ano.

Fumante inveterado, Junqueira tinha enfisema pulmonar. Ainda assim, não largava o cigarro. "Ele era muito bem quisto na ABL. Eu contava sempre a ele que meu pai morreu muito mais novo, pois fumava desbragadamente. Mesmo com todos os avisos de que a saúde estava precária, o vício era mais forte", lamentou o acadêmico Arnaldo Niskier.

O presidente da academia, Geraldo Holanda Cavalcanti, lamentou a perda de um membro que prezava especialmente pelas publicações. "Ele era exemplar, estava sempre à disposição, e tinha interesse especial por nossas publicações. Fazia tudo com muito esmero e dedicação. Para este ano, tinha como projeto lançar 14 livros, e boa parte já foi realizado."

Segundo a viúva, Cecília Costa Junqueira, o poeta trabalhou até o fim. "Ele terminou o livro novo e continuou produzindo." A chegada dos 80 anos, em novembro, o deixava "supersticioso". "Ele dizia ‘vai acontecer alguma coisa comigo’, achava estranho que fossem lançados tantos livros de uma vez."

Inéditos

Os lançamentos a reboque da data são a coletânea de ensaios Reflexos do Sol Posto, previsto para agosto, e Essa Música, de poesias inéditas, programado para outubro. De acordo com a Rocco, no primeiro, o autor analisa a atual produção poética brasileira, com remissões a João Cabral de Melo Neto (1920-1999) e Augusto dos Anjos (1884-1914). Seria "possivelmente" sua última coletânea de ensaios, conforme ele avisou na abertura do livro.

O segundo já é tratado como "obra-prima" por quem o leu. Para o crítico Alfredo Bosi, seu amigo, chamado a assinar a quarta capa, o livro "alcança o zênite de sua trajetória poética". O poeta Marco Lucchesi, colega recente de ABL mas amigo desde os anos 1990, quando trabalharam juntos na revista Poesia Sempre, da Biblioteca Nacional, diz na orelha que "Essa música, essencialmente atonal, perfeitamente esquiva, contínua e sincopada, é uma pauta de raro encantamento".

Motivada também pelos 80 anos, a editora Nova Fronteira programa lançar uma edição de bolso da tradução de Junqueira para poemas de Eliot, que ele vinha revisando, disse a viúva.

Referência

Ivan Junqueira nasceu no Rio em 1934. Publicou 40 livros nas áreas de poesia, ensaio e tradução, e foi vertido para mais de 20 línguas. Era considerado referência na tradução no Brasil de T. S. Eliot (1888-1965) e do francês Charles Baudelaire (1821-1867).

Sua formação foi em Medicina e em Filosofia, cursos que não chegou a concluir. Em 1963, começou a trabalhar em jornais. O primeiro foi a Tribuna da Imprensa, no qual atuou como redator. Depois, passaria pelo Correio da Manhã, o Jornal do Brasil e O Globo, chegando a subeditor.

Na condição de crítico literário e ensaísta, colaborou com revistas e jornais. Ele também dava conferências sobre literatura brasileira. Em sua passagem pela presidência da ABL, entre 2004 e 2005, destacou-se pela programação de palestras no auditório do prédio anexo ao Petit Trianon, rememorou Niskier.

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