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Leonardo DiCaprio interpreta o homem que foi diretor do FBI por 48 anos | Divulgação
Leonardo DiCaprio interpreta o homem que foi diretor do FBI por 48 anos| Foto: Divulgação

A maior crítica que alguém pode fazer a J. Edgar – em cartaz desde ontem no circuito nacional – é dizer que se trata de um filme "de direita", que valoriza a memória de um dos homens mais asquerosos da história dos Estados Unidos. Afirmar isso é uma besteira sem tamanho. É o mesmo tipo de declaração que tira o valor cinematográfico de uma obra como Rastros de Ódio (1956), de John Ford, porque a trama coloca índios nativos americanos como vilões.

A cinebiografia do homem que foi diretor do FBI por mais de quatro décadas é um dos grandes filmes de 2011. Uma verdadeira surpresa que tenha sido esnobada pela Academia, sem indicação a nenhum Oscar. "Trata-se de um Clint", daria o selo de qualidade qualquer cinéfilo antes mesmo de ver a obra. Afinal, é realmente um longa-metragem de Clint Eastwood.

Aos 81 anos, o cineasta é dono de duas estatuetas de melhor direção, por Os Imperdoáveis (1992) e Menina de Ouro (2005). Seu nome faz parte – quando não encabeça – uma privilegiada lista de diretores de Hollywood com um público fiel e que, volta e meia, figura em grandes premiações. Woody Allen, Martin Scorsese e Lars von Trier também estão nessa.

Eastwood é um cara durão, que representa bem o silêncio dos personagens que ficou famoso por interpretar, como o policial Harry Callahan ou os cowboys que interpretou nos filmes de Sergio Leone. J. Edgar reflete esse lado do diretor. John Edgar Hoover (Leonardo Di Caprio) é um homem que perseguiu comunistas, gângsters e solucionou crimes famosos. Foi o sujeito que criou arquivos secretos contra políticos, inclusive presidentes. Tudo em defesa da nação.

Hoover também esteve por trás da criação do FBI. Foi ele quem instituiu a criminalística como instrumento de investigação. Antes disso, a polícia americana acreditava que impressões digitais não passavam de uma ciência abstrata.

Homossexualismo

A biografia do personagem também revela que ele era homossexual. Por décadas, manteve um relacionamento com o colega Clyde Tolson (Armie Hammer). Sob o olhar de Eastwood, no entanto, o amor dos dois personagens era apenas platônico. O Hoover do cineasta era um homem preocupado demais com as aparências para assumir a verdadeira sexualidade. Ele gostava de ser visto com atrizes, se preocupava com a barriga e era rigoroso com as vestes.

Além disso, Hoover era um workaholic. Em uma cena, ele pede a mão de Helen Gandy (Naomi Watts). Como a moça recusa, o jeito que encontra de tê-la ao seu lado é perguntar se aceita ser sua secretária pessoal. O momento registra a fragilidade do personagem. E faz o público ser simpático ao cara que perseguiu Martin Luther King. GGG1/2

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