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João Triska explora a sonoridade do Paraná profundo

Músico investiga a identidade sonora do estado em álbum e show nesta sexta-feira (31)

Músico mistura elementos tradicionais das diversas vertentes que compõem a música regional paranaense. Inspiração surgiu em viagens ao interior da Argentina e da Bolívia. | Daniel Castellano / Gazeta do Povo
Músico mistura elementos tradicionais das diversas vertentes que compõem a música regional paranaense. Inspiração surgiu em viagens ao interior da Argentina e da Bolívia. (Foto: Daniel Castellano / Gazeta do Povo)

As correntes que formam a rosa dos ventos da música paranaense sopram de várias direções. Dos sertões paulistas, ao Norte, vem a viola caipira. Do Sul, as frentes frias trazem as milongas. No Litoral, ao Leste, há o fandango. No Oeste, a influência ancestral é dos povos indígenas, do idioma guarani, da natureza exuberante. Mais recente é a da ocupação gaúcha. Há ainda outros ritmos que juntos formam o que se pode chamar de música do “Paraná profundo”. Um som que sempre coube dentro do acordeão de Salvador Graciano (o Nhô Belarmino).

E hoje aparece rearranjado, com linguagem contemporânea, pelo músico João Triska, que lança nesta sexta-feira (31), com um concerto no auditório do Museu Oscar Niemeyer (MON), o álbum “Nos Braços dos Pinheirais”.

No disco, o jovem violeiro, cantor e compositor mistura estes elementos para criar um panorama da identidade musical paranaense.

Triska conta que a centelha deste trabalho surgiu de viagens ao interior da Argentina e Bolívia, quando ainda era estudante de filosofia na Universidade Federal do Paraná (UFPR), quando teve contato com a cultura tradicional daqueles países.

“Comecei a perceber a riqueza que elas continham e falei para mim mesmo que eu tinha que voltar para o Paraná e fazer isso aqui”, disse. Estas descobertas criaram um compromisso artístico. “Queria conhecer o que tinha de música no Paraná e propor uma interpretação atual disso”, explica.

Neste disco, o trabalho conversa, de longe, com o Paranismo, movimento que no início do século 20 exaltava uma identidade regional. Para o músico, porém, sua pesquisa traz novidades. “Queria falar do Paraná com qualidade suficiente para que a mensagem seja mais ampla e não simplesmente contemplativa e autorreferente”, diz.

Se não é a simples celebração paranista, a música de Triska também não é o “sertanejo universitário”, gênero mais consumido no estado. “Acho que esta vertente da música não representa mais o universo ao qual se diz pertencer, se tornou um produto refém da indústria do entretenimento, muito bem produzido, por sinal, mas sem conteúdo ou dignidade”, avalia.

No disco, todas as dez faixas foram arranjadas pelo próprio músico, que fugiu da linha “uma viola e uma fogueira” e optou por gravações com muitos músicos e ambientações maiores. “Queria mostrar, até para mim, que eu sei fazer e que tem como fazer uma música regional de qualidade”, aposta.

Cuidados que foram possíveis em função do processo de financiamento coletivo do álbum, através do site Catarse. “São dois meses em que você fica com o chapéu na mão, incomodando todo mundo, mas o resultado compensa”.

O disco será trabalhado, a princípio, em uma turnê pelo interior do estado no circuito do Sesi. Um novo álbum é projetado para o ano que vem. “A música é uma arte assim como uma mulher exigente: depois que ela te chama tem que comparecer sempre.”

Veja o clipe da canção “Milonga Del Guayrá” , faixa do álbum “Nos Braços dos Pinheirais”:

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