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Romântico não. Lírico. Assim se define o cantor e compositor Jorge Vercilo, que acaba de lançar seu primeiro CD/DVD ao vivo. "Acho o romantismo legal, uma coisa que o Roberto Carlos e o Fábio Jr. fazem muito bem. Mas tem a ver com dor de cotovelo, perda. A minha música é diferente, é lírica. Apesar de emocional, ela tem sempre um fim positivo, uma volta por cima".

Seja como for, o fato é que Vercilo, queira ou não, tornou-se um dos cantores preferidos dos apaixonados de plantão. Também se firmou como referência para outros artistas que estejam atrás de faixas, digamos, "sentimentais" para completar seus discos. Sucesso não mede talento, mas meio milhão de discos vendidos em pouco mais de uma década são a prova de que esse carioca de 37 anos está em sintonia com o gosto popular. E o povão, como se sabe, adora um baladão romântico.

Vercilo, ainda assim, insiste que seu trabalho não passa por aí. Mesmo que os dicionários digam que lirismo é "o caráter subjetivo ou romântico da arte em geral". "As imagens e metáforas que eu crio são carregadas de lirismo. E os fãs costumam dizer que as minhas músicas ajudam a enfrentar o dia-a-dia, como se valessem por uma terapia", diz o autor de hits como "Que Nem Maré", "Final Feliz" e "Monalisa", entre outros.

Se a fama de romântico o incomoda, melhor não ir muito longe no assunto "influências". O cantor cita de Tom Jombim a Lulu Santos, de Caetano Veloso a Stevie Wonder. Mas deixa de fora da lista Djavan, a quem costuma ser comparado – chegou até a ganhar o apelido de "genérico" do medalhão alagoano. "Prefiro não falar mais sobre isso. É uma comparação que me deixava contente, até começar a ser usada pejorativamente por gente maldosa", reclama.

Sobre o DVD, Vercilo surpreende ao dizer que pretende priorizar o formato daqui para frente. "O DVD está virando o produto primordial, principal, até mais do que o CD. Além disso, me realizei mais como intérprete com esse trabalho. Meu próximo projeto, de inéditas, talvez só saia em DVD", adianta. Não dá para dizer que ele não entende o mercado. Antes de estourar, o artista ralou nos bares da vida e chegou a se decepcionar com o esquema das grandes gravadoras.

Seus dois primeiros CDs saíram pela Warner/Continental, mas tiveram pouca ou nenhuma divulgação. Nem a inclusão de canções em novelas ajudou (Mariozinho Rocha, o "Poderoso Chefão" das trilhas globais, é admirador confesso de Vercilo). "As músicas até ficaram conhecidas, só que eu não fiquei. Eu as tocava nos shows e as pessoas não acreditavam que elas eram minhas", conta.

Insistente, o cantor lançou, em 2000, um CD totalmente independente. Leve começou sua carreira no Nordeste, onde Vercilo já era um nome razoavelmente conhecido por conta de "Encontros das Águas", "Praia Nua" e "Infinito Amor" (faixas presentes nas telelágrimas Mulheres de Areia, Tropi-caliente e A Indomada, respectivamente). Entre os muitos shows, boa parte deles realizada em cidades do interior, Vercilo fez um "trabalho de formiga" junto aos programadores de rádio, que acabaram descobrindo "Final Feliz". A música estourou, a multinacional EMI relançou o disco e o resto é história.

Agora, o artista pretende expandir seus horizontes para fora do Brasil. Seus primeiros alvos são os países africanos de língua portuguesa. Mas ainda há um grande capital brasileira que ainda não o assistiu ao vivo: Curitiba. "Talvez eu entre na programação deste ano do Circuito Cultural Banco do Brasil. Quem sabe não passo por aí?", especula. Os fãs – líricos ou românticos, não importa – agradeceriam.

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