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Será que os heróis no cinema estão se esgotando, e será que é por isso que o simpático Kevin Costner, o sujeito perfeito para fazer um jogador de beisebol decadente, está agora representando um serial killer de quem é fácil se gostar?

Em entrevista, Costner negou terminantemente que seja essa a razão que o levou a representar o papel do empresário Earl Brooks, o herói - ou vilão, dependendo do ponto de vista -, de "Mr. Brooks", filme que estréia na sexta-feira nos EUA e que retrabalha as sagas tanto de Hannibal Lecter quanto de Dr. Jekyll e Mr. Hyde (o médico e o monstro).

O perfeccionista Mr. Brooks é um sujeito tão simpático durante o dia que ganha o título de "Homem do Ano" de Portland, Oregon. E sua mania de matar outras pessoas é algo que o incomoda tanto que ele vai a reuniões de dependentes e vive implorando ao poder superior que o transforme numa pessoa boa.

"Boa noite", diz ele, "sou viciado". Mas não revela qual é seu vício.

O produtor executivo do filme da MGM, Sam Nazarian, ficou tão impressionado com a atuação de Costner que indagou recentemente: "Quantos atores seriam capazes de representar um serial killer pelo qual as pessoas sentem vontade de torcer?"

E, para algumas pessoas, esse é o problema do filme: será que deveríamos torcer por um serial killer?

Há também alguns críticos que dizem que Costner quis o papel de "Mr. Brooks" porque estaria cansado de representar sujeitos bonzinhos - idéia que o próprio ator desmente -, após uma carreira longa e respeitável que inclui o filme polêmico "JFK - A pergunta que não quer calar". Ele também representou um jogador de beisebol decadente em "Sorte no Amor", de 1988.

"Já representei assassinos antes", disse Costner à Reuters em entrevista na qual ressaltou que, por mais bonzinho Mr. Brooks possa parecer à primeira vista, na realidade ele não é nada simpático. "Ele é mau. Não há dúvida alguma disso", disse Costner, premiado com o Oscar pela produção e direção de "Dançando com Lobos", de 1990.

Mas acrescentou: "Acho que este filme inova. Trata-se de um gênero que não fica à vontade com humanidade ou com um senso de humor verdadeiro. Acho que este filme tem a chance de virar um clássico."

"Mr. Brooks" tem um elenco de primeira categoria, com William Hurt no papel de demônio que incentiva Mr. Brooks a continuar matando e Demi Moore como policial que persegue o assassino.

Bruce A. Evans, que dirigiu e co-escreveu o filme, disse que vê a história como uma tragédia quase shakespeareana. "É sobre um homem muito bom que sofre de uma doença. Pede-se ao público que o compreenda."

"Quisemos fazer o oposto total de Hannibal Lecter. Queríamos que os vizinhos dissessem que Mr. Brooks era ótima pessoa."

Os estúdios disseram a Evans que ele se equivocara em relação aos serial killeres - que eles são solitários, psicopatas e desajustados na sociedade.

As críticas têm sido mistas. A New York Magazine considerou o filme "uma confusão total", mas Victoria Alexander, da FilmsInReview.com, disse que é "a melhor performance de Costner até hoje. Um thriller inteligente e ótimo, com viradas e personagens perversos".

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