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Depois de vender 125 mil cópias do CD e DVD "Ao Vivo" (2003) que recuperou seus grandes sucessos com Kid Abelha, Heróis da Resistência, Cazuza e solo, Leoni lança um disco acústico com cordas, "Outro futuro", com letras inspiradas em leituras e no budismo, que pratica. Tudo traduzido em canções de amor, que ele acha ser o grande tema do momento, depois de um período em que era chato falar disso.

"É muito difícil amar e se entregar num mundo onde os relacionamentos estão cada vez mais superficiais. Todo mundo quer um grande amor, mas, ao mesmo tempo, não quer se envolver, ficar preso. As canções ajudam as pessoas a entender o que elas estão passando. Acho um momento fértil para falar de amor, um tema muito confuso pros adolescentes, com essa coisa de ficar. Já foi um tema chato, hoje é um tema legal, mas não acho que seja o único tema.

Leoni meio que viciou no formato acústico depois de fazer uns 150 shows na simplicidade do voz, violão e guitarra, com eventual acréscimo de cello e discreta percussão.

- Eu percebi que as pessoas entendiam as canções melhor assim, entendiam o sentido das letras. É um formato que valoriza a canção. Eu não me encanto muito com os músicos da voz, que fazem firulas. Eu gosto do Bob Dylan, de alguém que me diga alguma coisa, que me emocione. Eu descobri que esse tipo de arranjo é mais íntimo, como se estivesse conversando com as pessoas.

Ele também adquiriu tranqüilidade com a prática do budismo, que ressalva ser uma filosofia, não uma religião.

- Eu gosto mais da minha vida hoje do que quando era chegado ao personagem 'pop star', que é muito sedutor, mas aprisionante. Como o budismo tem a ver com a superação do ego, não é tão importante que eu seja aclamado, mas que minhas músicas sensibilizem e que eu esteja dando alguma coisa pras pessoas.Leoni convidou um pajé asheninka para cantar no discoMúsicas como "Sempre por querer" e "A casa na montanha'' tem inspiração nos ensinamentos de Sidarta Gautama. No encarte, Leoni diz que o verso "a gente sofre sempre por querer" é uma reflexão budista. E acrescenta: "Se um problema não tem solução, não há porque sofrer, trabalhe para solucioná-lo. Se nao tem solução, não há benefício em sofrer. O melhor é se acostumar com a mudança."

- Claro que é um exagero, mas existe um sofrimento que é opcional. O release cita uma frase do Drummond que diz que a dor é inevitável, o sofrimento, o apego à dor é opcional. A faixa "50 receitas" é um pouco isso: se você deixar de sentir a dor, não vai ter mais nada, essa dor é desnecessária - explivca ele, falando da parceria sua com Frejat que o barão gravou no seu segunbdo disco solo e agora recebe a versão do outro autor.

O viés budista de "A casa na montanha" é que "não adianta fugir dos inimigos internos se o pior inimigo é sempre interno, nossos medos, nossa raiva e nossa insatuisfação", diz Leoni no encarte.

- Já que você precisa conviver com você mesmo, precisa descobrir as coisas que te fazem mal. A principal mudança é a vontade de mudar,de ter um olhar diferente. Eu vi um programa sobre física quântica em que o cientista dizia que a gente cria a realidade, porque é exposto a 400 milhões de estímulos por segundo e só pode captar 2 milhões.Então é a gente que escolhe. Você pode olhar para fora e achar o dia lindo ou pode olhar o teu extrato bancário e achar o dia horroroso. "A casa na montanha'' é isso. Se você não mudar internamente, pode ir para o alto da montanha que o mundo vai chegar lá.

A última faixa do CD é "O espírito do tucano", cantada pelo pajé Benki Piãko, da tribo Ashaninka, do Acre, que se apresentou com Leoni em Paris ano passado e estará no DVD que ele lança no final de outubro. Convidado pela Amazônia BR a se apr4esentar em Paris no ano passado, ele levou o pajé e um grupo de músicos da tribo, que descende dos incas peruanos. Ele conheceu o pajé através de amigos comuns e foi conquistado pela filosofia de vida deles.

- Os asheninkas são muito sofisticados em termos de desenvolvimnentop sustentável. Eles cuida da flotresta para que esta possa lhes dar o que precisam. Eles agora estão fazendo uma escola para ensinar ao branco como viver na floresta, pretendem ensinar que dá mais dinheiro com a floresta em pé do que devastada. No DVD tem o pajé Benke cantando com um quarteto de cordas francês e três músicas com a banda asheninka. E uj documentários deles em Paris e na sua aldeia, conta Leoni.

No documentário, o cacique diz que não pode avaliar se é bom ou ruim morar em Paris porque nunca teve esta experiência e diz que os brancos também não sabem o gosto de morar na floresta. E conclui que espera dos brancos o respeito que também confere ao seu estilo de vida.

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