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Ambientação lembra as rodas de capoeira e de samba no início do século passado | Ricardo Sodré/JLM Produções
Ambientação lembra as rodas de capoeira e de samba no início do século passado| Foto: Ricardo Sodré/JLM Produções

Pense em duas histórias. Na primeira, dois casais com uniões "instáveis" acabam trocando de parceiros sem que saibam da traição alheia e, ao mesmo tempo em que um deles consuma o fato num motel, o outro não consegue. Em outra, uma psicanalista some numa estrada deserta logo após falar com o marido por telefone. As duas narrativas, que aparentemente não tem nada em comum, terminam por se ligar num final inesperado. Apesar de parecer cinema, trata-se da peça "Línguas Estranhas", que estréia nesta sexta-feira (23) no Teatro Paiol, pela Mostra Oficial do Festival de Teatro de Curitiba (FTC).

O drama (no original "Speaking in Tongues") é do dramaturgo e roteirista australiano Andrew Bovell, pouco conhecido por aqui, mas que já ganhou diversos prêmios de teatro e cinema no exterior, consolidando uma reputação de peso. O autor já trabalhou inclusive com Craig Pearce e Baz Lurhmann (dobradinha de roteirista e diretor dos filmes "Romeu e Julieta" e "Moulin Rouge").

O texto, de estrutura fragmentada, propõem uma série de ações simultâneas em locais separados, com falas sobrepostas, depoimentos e saltos temporais. Apesar da semelhança cinematográfica, que nem sempre é bem recebida no teatro, Bruce Gomlevky - que assina a direção da montagem brasileira ao lado Daniela Pereira de Carvalho - atesta a profundidade do texto: "ele trata da solidão, da dificuldade de comunicação e dos relacionamentos". E conclui: "é uma dramaturgia muito sofisticada. É difícil de encontrar textos com essa riqueza".

Para chegar o mais perto das intenções do autor, priorizadas por Gomlevky na montagem, o trabalho foi centralizado basicamente nos atores. São quatro pessoas para interpretar nove personagens que passam pela trama. "São todos personagens brandos para não cair no estereotipo. Eles têm tons diferentes", afirma o diretor, que também já atuou na peça, mas hoje se dedica a outro projeto. Bruce Gomlevky vive Renato Russo, na peça homônima em cartaz no Rio de Janeiro.

Um diretor Russo

A peça "Renato Russo", dirigida por Mauro Mendonça Filho - vencedor 19.º Prêmio Shell de Teatro do Rio de Janeiro como Melhor Diretor - deve vir para Curitiba, talvez em 2008. Segundo Bruce Gomlevky, que também foi indicado ao Shell pela interpretação do cantor, a montagem deve fazer uma temporada em São Paulo e depois partir por uma turnê pelo Brasil. "Ela vai para Curitiba com certeza. Eu não pretendo deixar o projeto até lá", afirma o ator.

A montagem, que estreou em outubro de 2006 no Rio e já passou Brasília nos meses de janeiro e fevereiro deste ano, é a única biografia autorizada pela família do cantor e compositor brasileiro. Renato Russo marcou os anos 80, tanto como vocalista das bandas Legião Urbana e Aborto Elétrico quanto como personalidade. Ele morreu em 1996, em decorrências de complicações da aids. "Ele é um dos maiores mitos de uma geração", afirma Gomlevky.

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Serviço: Línguas Estranhas. Carrera Gomlevky Produções Artísticas. Sexta-feira (23) e sábado (24) às 20h30. Teatro Paiol (Praça Guido Viaro, s/nº. Prado Velho). Fone: 3213-1340.

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