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Em 2002, em plena campanha eleitoral para a presidência da Colômbia, a então senadora Ingrid Betancourt foi sequestrada pelas Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia). Um cativeiro que só acabou em 2008.

Sete anos após a libertação, a hoje escritora (e doutoranda em Teologia) lança seu primeiro romance “A Linha Azul”, que mistura realismo fantástico e história política da América Latina.

De Paris, onde vive atualmente, Ingrid conversou com a Gazeta do Povo e disse que sua carreira política e trajetória pessoal despertam mais atenção do que sua literatura, mas decidiu se desafiar a escrever um romance porque é “apaixonada pelo mundo da linguagem”.

“Escrever me dá plenitude, me leva por mundos compartilhados em segredo. Escrevo para construir uma ponte íntima com a diversidade de seres humanos aos quais, ainda que não os conheça, estou ligada através da literatura”, diz.

A autora evitou respostas sobre as instabilidades políticas na Colômbia e na América Latina atual e se limitou a dizer que sua experiência de vida pessoal e pública estão presentes em cada linha do livro.

“Vivemos num continente em que milagres acontecem todos os dias”, diz Ingrid Betancourt

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“Quem escreve é a pessoa em mim que viveu essa vida e que enfrentou esses embates políticos. Essas três atividades – viver, lutar e escrever – são indissociáveis entre si”, diz.

Trauma

Ingrid, que fez sucesso mundial com seu livro de memórias “Não Há Silêncio Que Nunca Termine”, onde descreveu detalhes perturbadores da rotina como prisioneira das Farc, afirma que “precisou escrever um romance para se livrar do trauma”.

Para tanto, escolheu falar sobre as violências da Argentina durante o período ditatorial nos anos 1970, em uma história que também trata do tema da privação da liberdade por razões políticas.

A trama narra a história de Júlia, uma jovem que tem poderes de prever o futuro e que se apaixona por um jovem ativista político chamado Theo. O casal mantém atividades clandestinas até serem presos pela ditadura argentina.

Somente anos depois, refugiados nos Estados Unidos, terão a chance de se reencontrar. Contudo, o casal nunca mais será o mesmo.

O livro também fala dos esquadrões da morte ligados ao regime militar argentino e à atuação da igreja católica durante o período de repressão. “Minha própria história me deixou sensível a das pessoas que viveram essa ditadura”, explica a autora.

LIVRO
“A Linha Azul”

Ingrid Betancourt. Trad. de Julia da Rosa Simões, Objetiva, 244 pp., R$ 44.

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