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Jokerman:  momento distinto da carreira do compositor, em que ele conseguiu conciliar suas crenças com seu talento. | KEVIN WINTER/AFP
Jokerman: momento distinto da carreira do compositor, em que ele conseguiu conciliar suas crenças com seu talento.| Foto: KEVIN WINTER/AFP

Música do Dia- Um Guia Afetivo de Canções, Álbuns e Artistas

Editora Barbante

Alessandro Andreola

204 páginas

R$ 60

Após um período de baixa criatividade que durou de 1979 a 1983, Bob Dylan deu a volta por cima com Infidels, um álbum que fala de religião — não o judaísmo em que ele nasceu, e sim o cristianismo, tema caríssimo a Dylan nos anos 70 e que já havia sido a força por trás de alguns discos menores do compositor (como Slow Train Coming). Mas, dessa vez, a crença finalmente se condensava em uma tese final dentro de sua obra.

Jokerman, que abre o álbum, é o melhor exemplo disso. Recheada de imagens bíblicas, citando o Levítico e o Deuteronômio, a canção amplia esse foco ao mesmo tempo em que se presta a ser um protesto político. “Um fuzileiro se aproxima dos doentes e aleijados, um pastor faz o mesmo. Não se sabe qual deles vai chegar primeiro.” Dylan mistura política e religião em uma de suas letras mais densas, repleta de referências sobre meio-ambiente, amor e cultura.

A música e o álbum reúnem artistas tão diferentes quanto brilhantes. Na seção rítmica está a dupla Sly and Robbie, dois dos papas do reggae. O guitarrista é o ex-Rolling Stones Mick Taylor e a produção ficou por conta do chefe dos Dire Straits, Mark Knopfler (e se você gosta de conjecturas, saiba que antes de chamá-lo Dylan considerou convidar David Bowie, Frank Zappa e Elvis Costello).

Infidels fez com que Dylan entrasse com o pé direito na década de 80. Foi um momento distinto da carreira do compositor, em que ele conseguiu conciliar suas crenças com seu talento.

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