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O escritor espanhol Adolfo Navas, que mora em Foz do Iguaçu, participará do debate. | Divulgação
O escritor espanhol Adolfo Navas, que mora em Foz do Iguaçu, participará do debate.| Foto: Divulgação

Programe-se

Litercultura

Teatro do Paiol (Praça Guido Viaro, s/nº – Prado Velho), (41) 3213-1340. A entrada para os eventos é franca. Sujeito à lotação.

Agenda

Veja alguns destaques da programação do Litercultura:

• Hoje

19h30 – Debate "Futebol e Cultura: da História Real e do Mito", com o crítico e poeta espanhol Adolfo Montejo Navas, e com o jornalista inglês e comentarista esportivo Tim Vickery.

• Amanhã

17h – Exibição do documentário Dossiê 50: Comício a Favor dos Náufragos, do jornalista Geneton Moraes Neto.

19h30 – Bate-papo "O Futebol como Personagem de Romance", com o escritor ficcionista, crítico literário e jornalista Sérgio Rodrigues.

  • O inglês Tim Vickery:

O Brasil é o país do futebol-arte, certo? Ou do jogo bonito, como dizem os slogans que vendem o produto em terras estrangeiras. Todos os demais países nos invejam. Mas este patrimônio cultural é só nosso, e reflete o temperamento alegre e festivo dessa gente bronzeada que mostra seu valor com a bola e com o samba no pé. Será?

No primeiro evento do festival Litercultura, que começa hoje no Teatro do Paiol com o tema "Cultura e Futebol", estes mitos sobre a cultura e o futebol brasileiros serão postos à prova sob um olhar estrangeiro.

O crítico e poeta espanhol Adolfo Montejo Navas, que mora há 14 anos em Foz do Iguaçu (e chegou a jogar no Real Madrid na juventude), e o jornalista esportivo inglês Tim Vickery devem mostrar que a coisa não é bem assim.

Vickery é correspondente de futebol sul-americano para a rede BBC, de Londres, há 20 anos. Ele conta que foi destacado para confirmar esses estereótipos. Mas não viu nada disso.

"Ganho a vida tentando entender a cultura e o futebol brasileiros. Uma das ironias da Copa do Mundo no Brasil é que muita gente está percebendo o que eu sigo tentando descobrir: que qualquer estereótipo é muito raso diante da complexidade do Brasil", afirma.

"E esta realidade complexa é muito mais interessante do que qualquer mito. Penso que aquela frase do Tom Jobim – ‘O Brasil não é para principiantes’ – deveria ser colocada em todos os aeroportos, para que as pessoas soubessem que o que as espera é bem diferente do que elas imaginam", conta.

Um dos mitos que caíram para ele é o da alegria incontida. "A primeira coisa que chama a atenção no ambiente do futebol no Brasil é que ele é muito negativo, o que mais falta é alegria. Tudo é muito tenso e histérico", avalia.

"No Brasil, jogadores recebem cartão amarelo por driblar ‘demais’. É possível acreditar nisso?", questiona.

Para ele, os campos refletem um certo desespero que existe na sociedade brasileira, que vive em uma "luta constante". "Um técnico da antiga geração, Jair Pereira, dizia que no Brasil ‘futebol é sobrevivência’. A vida real – não romantizada – também é", crê.

Apaixonado pelo Brasil e suas diferenças, Vickery disse que espera fascinado pela reação do povo brasileiro às diferentes culturas que irão aportar por aqui durante a Copa.

"Não sei o que vai rolar, mas imagino que será surpreendente. A Copa é uma chance de comemorar a diversidade", afirma.

Vickery acredita, ainda, que o mundial é uma boa oportunidade para aposentarmos a expressão "gringo" ao nos referirmos aos estrangeiros. "Ela tira a beleza da humanidade. Ainda que não usada pejorativamente, ela é fascista em sua raiz."

O Drible

O Litercultura prossegue amanhã com o tema futebol, e exibe o documentário Dossiê 50 – Comício a Favor dos Náufragos, do jornalista Geneton Moraes Neto. O filme retrata os 11 jogadores brasileiros que disputaram a final da Copa do Mundo em 1950, e será seguido de bate-papo com o autor.

Geneton diz esperar que o evento "seja um ato público de anistia" aos jogadores daquele mundial. "O trauma da derrota foi tão forte que não notamos o nascimento de uma geração de campeões, que deu visibilidade internacional ao futebol brasileiro."

Na sequência, o escritor e jornalista Sérgio Rodrigues participa do bate-papo "O Futebol como Personagem de Romance". O escritor carioca é autor do romance O Drible (Companhia das Letras), lançado em 2013, e tido pela crítica como um dos melhores textos de ficção sobre futebol da literatura brasileira.

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