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O livro "Sandra Bréa — Estrelas nascem para brilhar" (Litteris), será lançado na próxima terça-feira (19) no Rio de Janeiro. Neste dia, o autor, que é o artista plástico Juarez Santos, estará realizando um dos derradeiros desejos da ex-namorada e amiga que, na década 70, foi sinônimo de sensualidade no Brasil. Assim que começou sua batalha contra a Aids, a atriz, morta em maio de 2000, aos 47 anos, declarou o desejo de preservar suas memórias e histórias dos bastidores dos programas, filmes, shows e novelas que estrelou.

Em uma entrevista de 1996, um ano antes da última aparição na TV — na novela "Zazá", em que falava sobre a situação dos soropositivos no país —, Sandra chegou a anunciar que havia escrito suas recordações em uma coletânea de crônicas e que estava empenhada em registrá-las em CD-ROM. Tentou, mas não conseguiu. Incomodado com a sensação de que o nome de Sandra caiu no ostracismo após sua morte, Santos resolveu garimpar o acervo da atriz.

Contagiado pela riqueza de achados da pesquisa, na qual encontrou desde o álbum de família da atriz até atestados documentando os estágios de sua doença, passando por cartas de artistas e familiares, Santos resolveu produzir um texto biográfico que reunisse o maior número possível de imagens de Sandra. Sua idéia: elaborar um livro que a contextualizasse sob uma perspectiva humanista, para além dos holofotes e do HIV.

"Pouco depois da morte da Sandra, percebi que ela havia sido esquecida. Pensei em escrever algo contando a minha vida com ela. Comecei a fazer uma pesquisa de sua vida como artista e cheguei a uma biografia dividida em dois momentos: a Sandra-mulher e a Sandra-mito. Ela foi uma estrela brasileira de enorme carisma", explica Santos, com uma fala emocionada que contagia as páginas de "Estrelas nascem para brilhar".

Apesar de sua escrita rasgadamente afetiva, o livro documenta a carreira da atriz com riqueza de detalhes, a partir de 1967, com a participação dela em duas peças teatrais: a comédia "Plaza Suíte" e a revista "Aqui, ó". Ocupada com os palcos, Sandra só estrearia na televisão em 1973 em "O bem-amado", como Telma, filha de Odorico Paraguaçu (Paulo Gracindo), menina liberada demais para os padrões da fictícia Sucupira.

Sandra entrou na TV com fome de trabalhar: "Tenho um vulcão dentro de mim e preciso gastar energia", dizia à época. No ano seguinte, levantaria polêmica na telinha na novela "Os ossos do barão", discutindo o racismo ao interpretar a filha de uma quatrocentona família paulistana envolvida com um mulato. Participou ainda de "A corrida do ouro", "Escalada", "O pulo do gato", "Elas por elas", "Tititi" e "Felicidade". "Cada personagem que criei é um pouco de mim. E eu sou o conjunto de todas elas", declarou Sandra nos anos 90, ao fazer um balanço da profissão.

"Houve um ano em que Sandra chegou a aparecer em 20 capas de revista", lembra Luís Carlos Miele, com quem a atriz dividiu os palcos e a TV, no musical "Sandra & Miele", de 1976, um de seus trabalhos mais populares. Miele integra o time de atores e atrizes que deram depoimentos para o livro de Santos.

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