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Respostas comentadas do simuladinho de Matemática |
Respostas comentadas do simuladinho de Matemática| Foto:

A ação de Um Doce Aroma de Morte se passa em uma cidadezinha poeirenta do México, onde um grupo de crianças encontra o cadáver de uma morta. Ramón Castaños, o rapaz de 16 anos que trabalha no armazém local, corre até o corpo e reconhece Adela, garota pela qual se sentia atraído, embora nunca tivesse trocado uma palavra com ela.

Logo um grupo de pessoas se amontoa em volta do garoto e, aos poucos, uma mentira vai se formando: Adela era namorada de Ramón e, agora, ele deve vingar a sua morte. Perplexo demais diante dos acontecimentos, Ramón não consegue desmentir a história e logo se vê enredado em uma situação da qual é impossível escapar. Se não vingar Adela, ficará marcado para sempre como um covarde.

Guillermo Arriaga diz ter usado o romance para estudar os mecanismos da mentira. A julgar pela narrativa, existem mentiras que são fundamentais para a sobrevivência de uma comunidade e que podem se tornar tão influentes (e desejadas) ao ponto de os fatos não importarem mais.

Discípulo de Ernest Hemingway (O Sol Também Se Levanta), Arriaga considera Cormac McCarthy o principal escritor americano vivo. Predileção que revela muito sobre sua obra – é autor de outros dois romances: O Búfalo da Noite e Esquadrão Guilhotina (inédito no Brasil).

Em livros como Onde os Velhos Não Têm Vez, McCarthy narra histórias no oeste dos EUA, no tempo presente, habitado por imigrantes ilegais, traficantes de drogas, assassinos e otários. É uma prosa que dedica páginas às características de uma arma de fogo, na qual a maior recompensa é o dinheiro e as mulheres são criaturas indefesas que precisam ser protegidas. É, enfim, literatura de macho.

Essa é uma definição sensata para o mundo ficcional de Arriaga. Diante de uma realidade onde escritores tentam criar novidades, mesmo que soem absurdas – como escrever um conto na lombada de um livro ou transformar em "história" uma seqüência de páginas em branco –, o mexicano investe em uma narrativa honesta, sem firulas e, ao contrário dos filmes que fizeram sua fama, linear.

Serviço: Um Doce Aroma de Morte, de Guillermo Arriaga (Gryphus, 176 págs., R$ 39,90).

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