• Carregando...
Construído no Projac, o lixão é todo preenchido com entulho de obras e forrado com objetos velhos | Renato Rocha/TV Globo
Construído no Projac, o lixão é todo preenchido com entulho de obras e forrado com objetos velhos| Foto: Renato Rocha/TV Globo
  • As roupas são cobertas com uma base de tinta cinza
  • No cenário, não há lixo orgânico para não contaminar o ambiente

Fechado na última sexta-feira, o aterro sanitário de Gramacho, no Rio de Janeiro, foi a maior fonte de inspiração para um dos principais cenários de Avenida Brasil. Mas enquanto o maior lixão a céu aberto da América Latina acumulava, em seu terreno de 1,3 milhão de metros quadrados, 60 metros de altura e 60 milhões de toneladas de lixo, o da trama das 21 horas da TV Globo não tem sujeira ou mau cheiro. Nem moscas, ratos e baratas. Numa área de 13 mil metros quadrados – cem vezes menor do que Gramacho –, no Projac, o lixão da tevê até que é limpinho.

A base do cenário é feita de todo tipo de entulho de obras. Por cima, foram colocados vários tipos de materiais velhos, como panos e sacolas. Para dar mais veracidade ao que se vê na tela, entram em cena várias quinquilharias, como brinquedos antigos envelhecidos. Como o lugar gigantesco não tem teto, todo cuidado é pouco para evitar que a chuva estrague a obra de arte.

"Tivemos muito cuidado com a escolha do material porque é um cenário usado pelos atores. É um lixo selecionado, não há nada orgânico, justamente para não contaminar o ambiente", explica Alexandre Gomes, o cenógrafo da novela, acrescentando que precisou de "muitos e muitos caminhões de material" para preencher a área.

Antes de chegar ao impressionante resultado final, Gomes e sua equipe foram a Gramacho conversar com pessoas que viviam ali, num trabalho que começou no meio do ano passado. A fotografia, ele conta, foi feita a partir de referências de artistas plásticos africanos.

"Queríamos buscar esse tom árido que remete ao deserto. Foi estimulante, um grande desafio, cujo resultado ficou bem legal."

E, ao contrário do que possa parecer, não há efeito especial para que o local permaneça com aquele aspecto imundo.

Segundo Ana Maria Ma­­galhães, a produtora de arte da trama, o objetivo de todos os envolvidos era que o lixão fosse um lugar lúdico, com uma luz diferente.

"Queríamos tornar aquilo possível de existir para que as crianças ficassem ali, pessoas em geral. O nosso depósito é bonito, acho que podemos dizer isso. Aquelas casas são de sonho", diz ela, revelando que levou seis meses enchendo saquinhos de lixo que não fossem orgânicos.

Mas, por ser um cenário vivo, com muita movimentação e um número de figurantes que varia de acordo com as cenas, a atenção dos profissionais precisa ser redobrada. Durante as gravações – que costumam acontecer duas vezes por semana –, há sempre alguém da produção de olho para que a sucata permaneça intacta e arrumada. E os itens que compõem a área não foram simplesmente garimpados e jogados ali. Numa das partes, há um cisne, resquício de um pedalinho antigo. Avista-se também um carro supostamente abandonado. Os objetos cortantes e os pregos foram todos tirados por uma boa limpeza.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]