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Vídeo| Foto: TV Paranaense

Apesar dos anos fora do grande circuito de shows, Lobão continua o mesmo que surgiu na década de 80, irreverente, contestador e provocando polêmicas. Em Curitiba, desde a última quarta-feira (9), para o primeiro show da turnê do seu novo disco, "Acústico MTV", o músico conversou com a imprensa local na manhã desta sexta-feira (11), no deck da Hellooch, espaço onde faz o show neste sábado (12). Bem à vontade, falando sobre música, indústria fonográfica, carreira, imprensa e Brasil, ele afirmou que todas as medidas radicais que tomou na carreira foram inevitáveis e disse esperar que a nova geração de músicos tenha mais espírito de comunidade. (Ele brigou com a gravadora BMG, no início da década de 90, brigou pela numeração dos discos no Brasil e pelo fim do jabá nas rádios. Acabou se voltando para o cenário da música independente, onde lançou a revista OutraCoisa, que está no número 20 e lançou novos nomes do rock brasileiro como Mombojó, Cachorro Grande, entre outros).

O encontro marcado para começar às 9 horas foi pontual. "Não sei o que o pessoal pensa, mas se marcam comigo às 9 horas eu to lá. Se marcar 9h02 vou estar lá, porque eu trabalho, tenho um sentimento de empreendedor. Sou uma contradição em relação ao que as pessoas falam de mim", comentou o bem-humorado Lobão, que completa 50 anos no próximo mês de outubro. Ele disse que seu retorno à uma grande gravadora aconteceu porque o momento é bom para isso. "É a hora. Houve um desmonte total das gravadoras. Nos anos 80 os executivos brasileiros eram uns parasitas, agora não. É galera nova, jovem, que está fazendo tudo novo, afim de inovar. Era o momento de voltar, tentar uma parceria. Não é fácil ser independente, batalhar por tudo, carregar amplificador. Até aqui em Curitiba as coisas mudaram, já passei em algumas rádios e os velhos jabazeiros estão fora, só encontrei garotada", alfinetou.

Lobão continua trabalhando com a sua revista OutraCoisa, e no fim do ano sua gravadora independente, a Universo Paralelo, em parceria com a BMG, vão lançar uma caixa com sua discografia completa, tudo remasterizado, em CD e vinil. "Acho que o vinil não vai terminar. Mas é importante investir, remodelar, formatar o download que é o que rola no momento. As vendas de disco tem caído, mas ainda vende. Esses dias num debate na TV contra pirataria ligou uma pessoa do 'Tecnobrega' do Pará e ela contou que dão um disco pro pessoal piratear. Daí vende um monte pirata, o pessoa fica conhecendo eles, os shows lotam e aí o público procura o disco original pra comprar no show. No fim são parceiros da pirataria. Mas é uma forma de sobreviver", disse. Música

Lobão contou que lutou 16 anos contra a BMG e tinha cinco processos contra a gravadora. Após a negociação para lançar o "Acústico" retirou todos os processos. "Foi na base da negociação. Eu quero fazer parte do showbusiness, é uma coisa legal ter uma esquema de marketing, shows, toda uma produção para você. Acho que meu caso é um bom exemplo de relações negociáveis, mesmo sabendo que tem um monte de anta me patrulhando, dizendo que fui vendido. Foi investido R$ 1 milhão para fazer o disco e me deram liberdade para fazer. Eu não ia querer? Quero agora é ganhar R$ 2 milhões", comentou. O disco foi laçado no último mês de abril e, conforme o músico, tem recebido um bom retorno de fãs, através de seu site. "Tem muita garotada nova que tá enlouquecida, querem comprar os discos antigos. Fiz um pocket-show aqui na (livraria) FNAC que o pessoal delirou. Também o repertório já é conhecido, era difícil errar no 'Acústico'. Apesar de falarem mal de mim, o disco só tem recebido elogios. Não teve uma matéria falando mal. É o 'MTV Acústico' que está dando mais buchicho na história", comemora.

Como disco acústico, as músicas receberam novos arranjos para instrumentos de cordas, com cuidados especiais como usar somente cordas de aço, usar bandolim com linguagem celta, e violões de 7 e 12 cordas. "Ainda economizei um pouco na formação para não ter tantas dificuldades para viajar com o show", entregou Lobão. Na apresentação em Curitiba, além da sua banda normal, com sete músicos, o show terá a participação de um quinteto de cordas formado por músicos locais. "Vamos tentar usar este modelo na turnê, principalmente nos shows em capitais", disse. Canções como "Me Chama", "Decadénce Avec Elegance" e Por Tudo O que For" fazem parte do registro

Outras coisasExpoente da geração da década de 80, Lobão diz que não se identifica com seus parceiros e acha que não tem nada há ver essa onde de reviver aqueles anos. "Tem alguma música minha que você escuta e lembra de gel no cabelo? Acho que não, são canções que eu poderia ter feito ontem", ironiza. Da música feita na década de 80 no Brasil ele destaca apenas Cazuza, Frejat, Ira! e Júlio Barrozo. Já a década de 90 ele vê com melhores olhos "foi quando começou a dar frutos, surgiu o Chico Science, Nação Zumbi, Cássia Eller, Raimundos. O pessoal quer barulho, potência, não aquele sonzinho de violão", comenta. Sobre a nova década ele lembra que está sendo escrita agora, mas tem boas perspectivas. No período que esteve sem um contrato com uma grande gravadora, ele fez também televisão. Durante dois anos dividiu a apresentação do programa "Saca-Rolha" com o jornalista Marcelo Tas e a modelo Mariana Weickert. "Era bacana, mas cansativo. Aprendi muita coisa, como ser curioso por exemplo, coisa que eu não era. O programa terminou, mas eu já ia sair mesmo por causa do Acústico. Pequenas empreitadas eu até topo, mas prefiro me multiplicar em outras coisas", comentou, anunciando que vai subistituir o vj Cazé Peçanha na apresentação do MTV Debate por 3 meses, totalizando 12 programas, como mediador.

Apesar de estar curtindo muito estar sendo tocado nas rádios, Lobão disse que não ouve rádio. E para nossa surpresa ele prefere uma repertório erudito. "Quando vou ouvir música gosto de Brahms, Bach, Béla Bártok, Camargo Guarinieri, Edino Krieger...gosto deste tipo de música. Estudei violão clássico, toquei chorinho, toco o repertório completo do Garoto. Mas não conclui a parte teórica. Minha maior frustação foi constatar que eu não tinha formação pra ser maestro, que é uma coisa que eu gostaria de fazer". Você acredita?

Se você não pretende ver o show do Lobão, confira outras atrações no Guias e Roteiros

Serviço: Lobão Acústico MTV. Sábado (12) a partir das 23h30. Hellooch (Rua Desembargador Westphalen, 4000) Tel.: 3013-3374. Ingressos promocionais e limitados a R$ 60,00 e R$ 30,00 para estudantes e quem doar um quilo de alimento não-perecível. À venda na Cia da Música, Michelli Board Shop São José dos Pinhais e pelo Disk Ingresso (41) 3315- 0808.

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