
Quando um incêndio consumiu o Cine Teatro Ouro Verde, em 12 de fevereiro causado por um curto-circuito, segundo o laudo técnico , o fogo destruiu também parte significativa da história de Londrina. No meio artístico, todos os esforços estão sendo empregados para que a agenda de eventos não seja interrompida pela falta do principal espaço cultural. Os mais otimistas sacodem a fuligem e veem o acidente como uma oportunidade de descobrir e explorar espaços alternativos na cidade.
Ainda não se sabe quanto vai custar reerguer o Ouro Verde, nem quando essa reconstrução deve começar. A Universidade Estadual de Londrina (UEL), proprietária do teatro, aguarda visita técnica do Patrimônio Cultural. "No início de abril vamos receber engenheiros e restauradores que vão orientar sobre o que deve ser removido e o que deve ser preservado", conta a vice-reitora, Berenice Jordão.
Enquanto isso, das cinzas que restaram do prédio projetado por João Batista Vilanova Artigas, brota o esforço de artistas e agentes culturais para manter o calendário da cidade, sempre tão atrelado ao Ouro Verde. O Festival de Música de Londrina (FML), por exemplo, vai transferir os grandes concertos para a Catedral Metropolitana. O Museu Histórico Padre Carlos Weiss, localizado na antiga Estação Ferroviária, será um palco ao ar livre para as apresentações. Outros eventos do festival serão realizados no Museu de Arte, no Teatro Zaqueu de Mello, além de shoppings, penitenciárias e hangares do aeroporto. "A falta do Ouro Verde me desafia, como diretor do festival, a valorizar outros espaços que certamente mostrarão uma nova antiga Londrina histórica", afirma Marco Antônio de Almeida, diretor do FML.
Para que o Ouro Verde não fique de fora de um dos seus eventos mais tradicionais, o maestro japonês Daisuke Soga está compondo a Sinfonia Phoenix. Ela será apresentada durante o Festival de Música, em julho, em frente ao Ouro Verde, em homenagem ao teatro que Soga espera que renasça das cinzas como mítica ave.
Filo
O Festival Internacional de Londrina (Filo) começa em junho e não terá o seu palco principal. "Estamos tentando trabalhar a programação de forma que não precisemos de um palco tão grande, sem interferir no perfil do festival", diz o diretor do Filo, Luiz Bertipaglia. Os espetáculos maiores serão realizados no Teatro Marista, que comporta o mesmo público do Ouro Verde, mas com palco de menores dimensões. "Não tem as mesmas características técnicas que a gente encontrava no Ouro Verde, mas temos que recorrer a essas alternativas", lamenta. Os espetáculos de rua serão ampliados. "Estamos tendo que garantir uma dose a mais de criatividade para driblar a falta do Ouro Verde", conta Bertipaglia.
A Orquestra Sinfônica da UEL, que desde 1984 se apresentava mensalmente no Ouro Verde, também teve de conseguir uma nova casa. Com a primeira apresentação do ano marcada para 22 de março, a orquestra se mudou para o Teatro Marista. "Conseguimos cinco datas no Teatro Marista. No resto, estamos sem definição", conta o músico Cícero Cordão, coordenador da orquestra.



