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Ivo começou a fazer história na banda "A Chave" | Marcelo Elias / Gazeta do Povo
Ivo começou a fazer história na banda "A Chave"| Foto: Marcelo Elias / Gazeta do Povo

A última vez que eu vi o Ivo Rodrigues tocando ao vivo foi em um fim de tarde no bar Stuart, poucos meses antes de sua morte. Muitos de seus amigos estavam lá. Inclusive seu compadre Antonio Lago, o Gigante, covardemente assassinado na última quarta-feira (19).

Todos para ouvir os blues e os rocks que Ivo fez e cantou como ninguém nesta nossa cidade. Ao final, uma ovação emocionante (olê, olê, olê, olê, Ivo, Ivo...), que me fez comentar com os circunstantes: "Da sua geração, Ivo é o maior roqueiro do Brasil". Afirmação propositalmente exagerada é também meio ufanista, provocadora. Mas a mantenho e sustento hoje, dia em que Ivo completaria 65 anos. "Senão ele, quem?", perguntei. "Erasmo" todos se apressaram em dizer. "Talvez. Não tivesse virado o funcionário exemplar da Roberto Carlos S/A...".

"Arnaldo Batista" sugeriram outros. "Grande valor, mas infelizmente a carreira curta e acidentada o coloca atrás do Ivo", rebati.

Vieram muitos nomes. Nenhum capaz de me convencer que tinham mérito maior do que o do cara que deu a voz e a cara a tapa para fundar o rock em Curitiba. Um lugar que foi duro para ambos.

Como bem escreveu o Luiz Claudio Oliveira, no dia em que o Ivo morreu em abril de 2010, as duas bandas que Ivo liderou com sua voz rouca, "A Chave" e o "Blindagem" são como lado A e lado B do compacto fundamental do rock curitibano. "A Chave" foi o início louco e o "Blindagem" a consagração poderosa. Todos nós que gostamos de rock por aqui devemos reverência a ele. Foi a cara e a voz da cidade, pois soube misturar tudo o que forma nossa identidade. O exagero e o comedimento, a musica caipira e o rock ‘n roll, a botina e o all star (que no final andava tão fu#*.., como todo o resto).

Suas parcerias com Leminski e suas lindas canções serão cantadas para sempre. Minha afilhada de sete anos já aprendeu a cantar "Se Eu Tivesse", sua mais bela balada. Por essas e outras, mantenho minha opinião.

A cidade sente muito a falta dele, mas o cara inteligente, louco e engraçado que era não merece choro, vela e ladainha. Merece festas e homenagens proporcionais ao seu tamanho na história da música brasileira.

Parece que algo está sendo armado na nova Pedreira que tem o nome de seu mais notório parceiro. O que é bom, mas é pouco. Quando ele morreu havia uma ideia de um grande festival unindo todos os bares roqueiros.

Era uma boa ideia e outras podem surgir. Hoje, é um bom dia pra voltar a pensar nisso. E também para saudar a sua família, seus parceiros e principalmente, ouvir sua música.

Ouça Escute o Blindagem e a Orquestra sinfônica do Paraná tocando a música "Se Eu Tivesse", em um concerto no Teatro Guaíra em 2007:

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