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Foto célebre de Hector Berlioz feita por Pierre Petit em 1863. | Pierre Petit/Wikimedia Commons
Foto célebre de Hector Berlioz feita por Pierre Petit em 1863.| Foto: Pierre Petit/Wikimedia Commons

Gerárd Depardieu é um homem de grande cultura. Em meio à sua filmografia extensa, o ator francês fez um dos melhores longas-metragens sobre música clássica, “Todas as Manhãs do Mundo” (1991), onde interpreta o compositor francês Marin Marais (1656–1728), expoente do barroco musical francês.

Foi o maestro italiano Ricardo Muti que fez o ator se interessar também por uma das obras menos conhecidas do grande compositor francês Hector Berlioz (1803–1869): “Lélio, ou o Retorno à Vida” opus 14. Essa é na verdade uma das obras mais excêntricas do autor, uma fusão de concerto e teatro, pensada como complemento a uma composição famosa de Berlioz, a “Sinfonia Fantástica”.

Gravações de “Lélio” são raríssimas

A primeira vez que o maestro Ricardo Muti concretizou sua ideia de se utilizar de Depardieu para “Lélio” de Berlioz foi em 1997 em Paris, com a Orquestra Nacional da França

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Um ator representa na obra o “jovem artista” (na verdade o próprio compositor) que tentou se suicidar na “Sinfonia Fantástica”. Depois que a Sinfonia termina, o personagem desperta: “Estou vivo ainda”, diz ele. E lembra todas as suas paixões literárias (Goethe, Shakespeare entre outros) e suas lutas nas diversas obras que compôs antes da “Sinfonia Fantástica”.

Utilizando um enorme coro, dois solistas vocais, um piano e uma gigantesca orquestra, Berlioz faz com que o ator aos poucos se misture às composições. Na última parte, ele chega a dirigir palavras para o maestro e a orquestra, corrigindo-os.

No desfecho, os violinos repetem em pianíssimo o tema principal da “Sinfonia Fantástica” (o tema da amada) quando o ator diz: “Ainda, e para sempre”. Tanto a “Sinfonia Fantástica” quanto “Lélio” foram compostas em torno de uma tempestuosa paixão que o compositor teve pela atriz irlandesa Harriet Smithson (1800–1854).

Berlioz a viu atuando em papéis shakespearianos como Ofélia ( de “Hamlet”), Julieta (de “Romeu e Julieta”) e Desdêmona (“Otelo”) e teve seu interesse afetivo fortemente repelido.

Na web

O maestro Osvaldo Colarusso escreve o blog Falando de Música.

Ao compor as duas obras imaginou fazer uma súplica especial à amada. Ela assistiu à primeira apresentação da “Sinfonia Fantástica” seguida de “Lélio” em 1832, e a estratégia artística do autor funcionou: eles se casaram no ano seguinte.

O problema é que Berlioz tinha se apaixonado pelos personagens que ela vivia no teatro, e achava a Harriet verdadeira uma mulher aborrecida, possessiva e ciumenta. O casamento foi um desastre, e durou perto de dez longos anos.

“Lélio, ou o Retorno à Vida” teve apenas duas montagens durante a vida do compositor: a estreia em 1832 e outra regida por Liszt em Weimar, em 1855.

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