Por causa de reações negativas a entrevista concedida ao jornal O Estado de S. Paulo, o maestro John Neschling foi demitido ontem da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp) por e-mail.
A decisão, assinada pelo presidente do Conselho de Administração da Fundação Osesp, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), foi unânime.
Por meio de assessor, Neschling, que está na Grécia, afirmou que recebeu a carta por e-mail ontem à tarde, que vai conversar com algumas pessoas para entender melhor a situação e que não vai se pronunciar sobre a demissão até seu retorno, no final da próxima semana.
Neschling já havia comunicado, em 13 de junho do ano passado, que só permaneceria à frente da orquestra até 31 de outubro de 2010. Mas, diz a carta de FHC, como as declarações do maestro ao Estado, em entrevista publicada no dia 9 de dezembro, repercutiram negativamente entre os músicos, o conselho reuniu-se para analisar a entrevista e "estimar seu efeito" nas condições em que a sucessão no comando da orquestra se daria "nos quase dois anos ainda por decorrer até a expiração do atual contrato".
Na entrevista, Neschling criticou ter sido marginalizado do processo sucessório. "Estou preocupado com a maneira como a sucessão está sendo feita. E magoado por ter sido excluído do processo", disse.
Ele também declarou que há 12 anos a Osesp "era inexistente, existia mal e porcamente, estava acabando" e que, sob seu comando, "uma orquestra que não existia fez de São Paulo um centro sinfônico". Ele afirmou ter proposto uma transição "mais lenta" e "pacífica". "Pedi mais dois anos de contrato ao longo dos quais eu regeria menos e ajudaria a procurar um substituto. Não obtive resposta", declarou.
Na carta de demissão, Fernando Henrique Cardoso lamenta que "o passo natural de renovação" não tenha sido "percorrido de melhor maneira" e encerra com "justas homenagens pelo admirável trabalho realizado".
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