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Luciana Melamed faz Serpina, a empregada que tenta roubar o coração do patrão | Sian Sene/ Divulgação
Luciana Melamed faz Serpina, a empregada que tenta roubar o coração do patrão| Foto: Sian Sene/ Divulgação

"A ópera é formadora de plateia por antonomásia." É assim que o maestro Alessandro Sangiorgi se refere ao gênero musical com o qual trabalha no momento, referindo-se às figuras de linguagem que podem substituir uma palavra, tamanha a identificação. "Ela agrupa música, artes cênicas e figurino de uma forma íntima que o teatro não faz."

A popularidade aumenta quando o título em questão é La Serva Padrona, que tem apresentações neste sábado e domingo na Capela Santa Maria. É praticamente a única ópera-bufa, ou cômica, a ter sobrevivido desde o século 18.

Se nos libretos chamados "sérios" há um ou outro momento para dar risada, aqui a própria trama é absurda e engraçada. A cena abre na casa de Uberto, onde sua criada, Serpina, protegida por ele desde que ficou órfã, toma liberdades excessivas e manda, não só na vida doméstica, mas no próprio patrão. Daí o título – "a serva patroa".

Sua personalidade controladora fica ainda mais exagerada pelo fato de desejar casar-se com o amo. Para conquistá-lo, já que um abismo social os separa, ela precisa planejar artimanhas com o auxílio de um criado mudo, Vespone, cuja atuação por mímicas em meio à cantoria é em si um ato cômico.

Na montagem, Serpina é vivida por Luciana Melamed; Uberto, por Sérgio dos Santos, e Vespone por Roberto Innocente.

Commedia dell’arte

À história de forte apelo humorístico, o diretor cênico Roberto Innocente somou um prólogo inspirado na commedia dell’arte (especialidade deste italiano radicado no Brasil, o gênero de teatro popular correu as ruas da Europa até o século 18). Três atores, com máscaras, entram no começo e no meio da apresentação para dar explicações em português sobre a trama, na forma de versos – o restante, cantado, é todo em italiano.

Quando foi escrita, em 1733, La Serva Padrona cumpria a função de aliviar a "tensão" de uma ópera séria (O Prisioneiro Orgulhoso, do mesmo autor, Giovanni Battista Pergolesi). Era apresentada nos intervalos (por isso era chamada de "intermezzo"). Com a boa resposta do público, no século 19 a obra já ganhava vida própria e era apresentada sozinha.

Passados dois séculos, após o fim da curta temporada do espetáculo, no domingo, a ideia é levá-lo para o interior, com o intuito de continuar sua carreira como formador de plateia – o curioso é que, na história de Sangiorgi, o título serviu como "formador de maestro": sua primeira condução internacional foi de La Serva Padrona, realizada em Jerusalém em 1989.

Serviço:

La Serva Padrona. Capela Santa Maria (R. Cons. Laurindo, 273), (41) 3321-2840. Libreto de Giovanni Pergolesi. Dias 10, às 20h30, e 11, às 18h30. R$15 e R$7,50 (meia).

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