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O poeta, escritor, professor e compositor paranaense Paulo Leminski era descendente de poloneses por parte do pai. A mãe era, por sua vez, uma mistura bem brasileira, "com a composição original tipo Gilberto Freire: português, negro e índio. De maneira que sou, digamos assim, um mestiço curitibano", já definia o próprio poeta. A influência da imigração polonesa, não penas no "mestiço curitibano", mas também em toda a cultura social e produção artística do Paraná é tema de três exposições que o Museu Paranaense inaugurou no final do mês passado.

Leminski é alvo de uma delas. A mostra Personagens Paranaenses – Homeagem a Paulo Leminski resgata elementos da vida pessoal do artista para compor seu personagem. "Tentamos traçar um perfil não apenas a partir da produção profissional de Leminski, mas também incorporando objetos de sua vida pessoal", comenta a historiadora Márcia Medeiros, responsável pela pesquisa e montagem da exposição. A medida ajuda a compor uma imagem abrangente do homem, respaldada pela bibliografia, biografia, documentos e prêmios, além dos pertences pessoais como uma blusa, medalhas conquistadas nos tempos de estudante e fotografias familiares. As peças foram cedidas pela família, com auxílio das filhas Áurea e Estrela Leminski. Um fundo musical completa a mostra, retomando as parcerias que o autor de Catatau teve com Guilherme Arantes, Itamar Assumpção, Moraes Moreira, Caetano Veloso, entre outros.

Outro espaço é dedicado a mapear a influência dos descendentes poloneses na produção artística do estado. Para tanto, o salão especial do museu abriga obras de 17 artistas paranaenses, todos descendentes dos imigrantes eslavos. "Essa frente é importante porque ajuda a desfazer a visão de que os poloneses vieram ao Brasil apenas como substitutos de mão-de-obra escrava. Ao chegar, eles trouxeram sua bagagem e criaram um legado também nas artes", afirma a diretora do Museu Paranaense, Eliana Moro Réboli. A seleção de obras buscou reunir trabalhos de realizadores reconhecidos, independentemente da época de atuação ou filiações estéticas. As peças são oriundas do acervo do Museu Paranaense, do Museu de Arte Contemporânea e do Museu Alfedo Andersen, incluindo criações de Eliane Prolik, Dulce Osinski e Marcos Coga, entre outros (leia matéria abaixo).

Para além da contribuição nas artes, a mostra paralela Raízes do Paraná – Os Poloneses contempla a participação polonesa na constituição do espaço urbano de Curitiba. "Além do pesado trabalho agrícola, já que eles abasteciam Curitiba, sua herança está em características culturais do Paraná que perduram até hoje e são preservadas por seus descendentes, como é, por exemplo, o caso da culinária", explica Réboli.

Na exposição, podem ser vistas as ferramentas empregadas na agricultura, no transporte, as vestes e os objetos de decoração típicos daquela cultura. De acordo com a diretora do museu, o conjunto desfaz um mito sobre a suposta "frieza" dos poloneses. "O que constatamos é que eles eram um povo alegre e vivo, pelas suas coloridas casas, pelas danças. Talvez, em função da discriminação que sofreram ao chegar aqui, tenham recebido esse estigma", afirma.

Serviço: Exposições Raízes do Paraná – Os Poloneses, A Herança Polonesa na Arte Paranaense e Personagens Paranaenses – Homeagem a Paulo Leminski. Museu Paranaense (R. Kellers, 289). De terça a sexta, das 9h30 às 17h30; sábados, domingos e feriados, das 11 às 15 horas. Ingressos a R$ 2 e R$ 1 (estudantes); livre para menores de dez anos e maiores de 65. Entrada franca aos sábados. Até 16 de julho.

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