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O tão aguardado DVD oficial – e não-pirateado – de 2 Filhos de Francisco está chegando nesta semana às lojas e locadoras de todo o país com a espectativa de repetir o mesmo sucesso que alcançou nos cinemas. O filme de Breno Silveira, que conta a vida da dupla sertaneja Zezé Di Camargo e Luciano, é o longa-metragem nacional de maior público (5,3 milhões de espectadores) e bilheteria dos últimos 25 anos no Brasil.

Com um total de 467.781 unidades (464.494 DVDs e 3.287 VHS), o lançamento da Sony Pictures representa a maior tiragem de um filme brasileiro em toda a história. Não há qualquer estimativa de quantas cópias piratas tenham sido comercializadas desde a chegada da produção aos cinemas, mas, levando-se em conta que até o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, o assistiu em edição pirata, não devem ter sido poucas.

O DVD de 2 Filhos de Francisco, representante do Brasil na corrida pelo Oscar de melhor filme estrangeiro (leia quadro ao lado), inclui uma série de extras, com um making of, um documentário sobre Zezé Di Camargo e Luciano, além de cenas excluídas da edição original, erros de filmagem e galeria de fotos.

Entre o que não foi incluído na montagem original, estão passagens como o período em que Zezé, quando ainda não havia formado a dupla com o irmão mais novo, cantou em prostíbulos de Goiânia. Também integra a edição em DVD a cena na qual Francisco (Ângelo Antônio) dá um surra em Mirosmar e Emival, quando eles voltam para casa com dinheiro para ajudar a família, depois de tocar na rodoviária da capital de Goiás.

Qualidades

Compreender o fenômeno de 2 Filhos de Francisco, maior bilheteria de 2005 no país, batendo blockbusters como Guerra dos Mundos, Batman Begins e Star Wars III – A Vingança dos Sith, não é difícil. É um erro, entretanto, atribuir o êxito do longa apenas à imensa popularidade de Zezé Di Camargo e Luciano.

Por mais amada que a dupla seja, o filme não teria alcançado tanta repercussão não fosse por seus inegáveis méritos artísticos e técnicos. O carioca Breno Silveira, reconhecido diretor de fotografia (de Eu, Tu, Eles), acertou em cheio ao distanciar, em seu primeiro longa, a história contada da aura de celebridade que existe em torno dos protagonistas. Preferiu mergulhar na profunda brasilidade da trajetória dos Camargo, uma família como tantas no país que migraram do campo para a cidade em busca de condições de vida mais dignas.

Embora 2 Filhos de Francisco seja, assumidamente, uma versão até certo ponto idealizada da saga de superação e sobrevivência dos sonhos de Mirosmar/Zezé, essa trajetória não é descrita de maneira televisiva e simplificadora. Silveira recorre ao (bom) cinema para contá-la.

Da direção de arte inspirada de Kiti Duarte, que em momento algum falseia a realidade rural e miserável dos Camargo, à ótima fotografia de André Horta e Pablo Souza, tudo conspira para que o filme resista à tentação de ser mero veículo para a dupla, sobretudo na primeira parte da trama, que enfoca a infância miserável de Mirosmar (Dablio Moreira) e Emival (Marcos Henrique).

Outro ponto alto é o afinado elenco. Se a sempre competente Dira Paes defende a mãe dos garotos, Helena, com força e contenção, Ângelo Antônio está em estado de graça na pele de Francisco, um sonhador que consegue fazer com que o espectador acredite nos seus delírios. Márcio Kieling e Thiago Mendonça, que vivem, respectivamente, Zezé e Luciano adultos, cumprem seus papéis, sobretudo pela semelhança física com os personagens reais.

No fim das contas, 2 Filhos de Francisco, se não traz nada de exatamente novo ou revolucionário à produção nacional, tem o grande mérito de agregar qualidades inquestionáveis ao cinema popular brasileiro, cuja missão é resgatar uma fatia de público que se perdeu ao longo dos anos. Por isso, já pode ser considerado um marco. GGG1/2

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