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Cantora baiana se voltou para o mundo dos índios e para o universo interiorano em seu novo trabalho | Tomás Rangel/Divulgação
Cantora baiana se voltou para o mundo dos índios e para o universo interiorano em seu novo trabalho| Foto: Tomás Rangel/Divulgação

CD

Meus Quintais

Maria Bethânia. Biscoito Fino. R$ 29,90. MPB.

Um ano antes de completar cinco décadas de carreira, Maria Bethânia se volta para um universo conceitual e afetivo no recém-lançado Meus Quintais, que reúne canções com temáticas ligadas ao mundo indígena e ao cenário interiorano onde cresceu.

O novo álbum traz uma sonoridade principalmente acústica, com arranjos que vão desde apenas voz e piano na faixa de abertura, "Alguma Voz" (canção de Dori Caymmi e Paulo César Pinheiro arranjada por André Mehmari) até formações maiores, como em "Folia de Reis", de Roque Ferreira.

Assim como em Oásis de Bethânia, lançado em 2012 com faixas assinadas por diferentes arranjadores, a cantora trabalhou sem a figura de um maestro – papel até então ocupado por Jaime Alem, com quem trabalhou por mais de 25 anos. Em conjunto com músicos como Jorge Helder (baixo), Toninho Ferragutti (acordeão) Luciana Rabelo (cavaquinho) e Maurício Carrilho (violão), a própria Bethânia comandou a criação das faixas, que percorrem referências como o samba do Recôncavo Baiano em "Imbelezô Eu/Vento de Lá", que traz uma homenagem a Dona Edith do Prato (1916-2009).

Em entrevista coletiva concedida via internet, a cantora explicou que não tinha planos de ir para o estúdio, mas que a intuição de cantar "o homem do Brasil, o caboclo, o dono da terra, o índio", se impôs. Bethânia dividiu a inspiração com Chico César, um de seus compositores preferidos, que fez duas canções para o disco – "Xavante" e "Arco da Velha Índia".

Adriana Calcanhotto compôs "Uma Iara" por sugestão de Bethânia, que a gravou com o texto "Uma Perigosa Yara", de Clarice Lispector.

"Dona Clarice é uma das minhas grandes paixões. Mas [a citei] porque é para criança o jeito que ela escreve. Eu queria que a ‘Moda da Onça’ [música folclórica recolhida por Paulo Vanzolini] e a Iara, as lendas, trouxessem o Brasil e as coisas ligadas à nossa área. Mas que também trouxessem uma coisa meio de criança. Por isso o disco tem crianças, a ‘Mãe Maria’ [de Custódio Mesquita e David Nasser], que sou eu mesma. Por isso pedi para crianças cantarem, desenharem", conta Bethânia, referindo-se a desenhos no encarte de Meus Quintais, que também traz fotos de entalhes na madeira feitas pela própria cantora.

Bethânia ainda escolheu "Lua Bonita", de Zé Martins e Zé do Norte, que diz conhecer desde criança, "Povos do Brasil", de Leandro Fregonesi, que grava pela primeira vez, e "Dindi", clássico de Tom Jobim e Aloysio de Oliveira.

Gravado entre os trabalhos do show Carta de Amor e as celebrações dos 50 anos de carreira de Bethânia previstas para 2015, Meus Quintais será uma espécie de complemento, conforme explica a cantora. "Quero usá-lo como um contraponto dos momentos grandiosos destes 50 anos, desde o [show] Opinião, quando estreei como cantora profissional, até aqui. É um contraponto para a vida em cena, a vitrine de ser uma cantora, a necessidade de viver em centros urbanos muito sofisticados, grandes", explica Bethânia.

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