• Carregando...
Biógrafo faz considerações que podem desagradar aos fãs | Divulgação
Biógrafo faz considerações que podem desagradar aos fãs| Foto: Divulgação

Livro

Marlon Brando – A Face Sombria da Beleza

François Forestier. Tradução de Clóvis Marques. Objetiva, 200 págs., R$ 29,90. Biografia.

O Duque em Seu Domínio é um dos mais emblemáticos perfis assinados por Truman Capote, tão revelador que lhe rendeu um inimigo feroz. Marlon Brando nunca perdoou o escritor por ter exposto, em 1956, o trauma decorrente do alcoolismo de sua mãe, além do apetite voraz e das conversas sem pé nem cabeça que ele costumava desfiar a seus interlocutores.

Percorrendo as páginas de Marlon Brando – A Face Sombria da Beleza, compreende-se a razão para o desconforto que o tema provocava no grande mito do cinema. Assinada pelo jornalista francês François Forestier, a biografia investe na turbulenta vida privada do ator para iluminar um gigante ao mesmo tempo imponente e frágil, moldado em uma família desestruturada. Segundo o autor, o desajuste afetivo e social foram determinantes na vida e na carreira de Brando.

Um ídolo, destaca Fores­­tier, que desprezava a fama e o glamour. Brando é exposto como um vulcão sexual movido pelo prazer sádico de seduzir e desprezar amantes. Um totem de beleza que inflou até ficar desfigurado por conta de seu único vício: comer compulsivamente. Um excêntrico que morreu solitário amargando uma sucessão de tragédias familiares, aos 80 anos, em 1º de julho de 2004.

Forestier faz considerações que podem desagradar aos fãs de Brando, mas as baliza com informações consistentes. Segundo o autor, apenas dois filmes bastaram para construir e sustentar o mito: Uma Rua Chamada Pecado (1951) e Sindicato de Ladrões (1954), que deu o primeiro Oscar a Brando. Foram muitos os trabalhos esquecíveis, muitas vezes motivados apenas pelo cachê para equilibrar contas sempre no vermelho.

A Face Sombria da Beleza apresenta Brando como bissexual e egocêntrico, incapaz de amar alguém exceto sua mãe. Era um talento bruto que se divertia infernizando colegas e diretores com a mania de dirigir a si mesmo, mudar roteiros e improvisar diálogos.

O Poderoso Chefão (1972) deu a Brando a chance do renascimento profissional – e mais um Oscar – quando ninguém mais queria trabalhar com ele. Precisava tanto de dinheiro que topou o cachê de US$ 100 mil em vez da participação na bilheteria do clássico que se tornou um estrondoso sucesso. Na sequência, topou fazer o cult O Último Tango em Paris (1972) para pagar uma dívida com um produtor italiano. Brando trabalhou até 2001, mas foi em Apocalypse Now (1979) que ele viveu seus simbólicos últimos instantes de brilho como um gigante indomável.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]