Maryanne Francescon começou os estudos de gaita ponto em 2004. Agora, do alto de seus 16 anos, já coleciona os seguintes títulos: tetracampeã paranaense de gaita ponto até 8 baixos; pentacampeã paranaense de gaita ponto mais de 8 baixos; tricampeã brasileira de gaita ponto até 8 baixos; tricampeã brasileira de gaita ponto mais de 8 baixos; três vezes vice-campeã no Rodeio Internacional da Vacaria.
Com este currículo, no fim deste mês esta garota de Medianeira, Região Oeste do Paraná, embarca para os Estados Unidos para disputar o World Trophy Accordion, o campeonato mundial do acordeão, que será realizado de 23 a 27 de outubro na cidade de Spokane, estado de Washington. Será a primeira vez que uma brasileira irá participar.
Ela é da mesma cidade de Michel Teló, mas garante que não vai tocar "Ai Se Eu Te Pego". Tem a formação ligada à tradição da gaita ponto gaúcha e tem como ídolos, além de seus professores, Chico Brasil, Richard Galliano e, é claro, Renato Borghetti.
Maryanne começou os estudos de gaita ponto com os professores Alesandro e Fellip Mazzola em Medianeira. Acostumou-se às apresentações no Centro de Tradições Gaúchas Sentinela dos Pampas. E apresentará na Copa do Mundo a conhecida e muito tocada "Milonga Para as Missões", de Gilberto Monteiro, que todo bom gaiteiro tem de saber de cor. Também apresentará uma composição de Fellip Mazzola, "Dia de Chuva", em que pretende demonstrar toda a sua técnica ("com muito orgulho tocarei uma música de um dos meus primeiros professores"). Para completar os dez minutos de apresentação a que tem direito, tocará uma composição de seu atual professor, o italiano Ricardo Tesi (com quem tem aulas via Skype, desde maio deste ano.
Com uma boa base gauchesca, ela pensa em expandir suas habilidades e conhecimentos no acordeão daqui para a frente. "Existe muita coisa que eu preciso aprender, aqui no Brasil, e fora daqui também... A diversidade cultural do Brasil é enorme, porém, aqui na Região Sul o que mais faz sucesso é a música gaúcha e o sertanejo. Este ano tem sido muito bom (e vai melhorar muito durante e depois do concurso! haha), e estou descobrindo coisas novas, e vendo como a gaita é um instrumento eclético! Jazz, blues e ritmos semelhantes são muito fascinantes, e para um futuro próximo é nisso que estarei dedicada. Não vou deixar de lado minha história, e o que sei da música gaúcha, mas acho que esses outros conhecimentos virão para somar."
Para uma garota de 16 anos e muito talentosa, ela permanece bem focada em seus objetivos. A primeira meta é o concurso internacional. "Que eu faça uma ótima apresentação no Troféu Mundial, e que eu possa me surpreender, antes de surpreender os jurados." E o sonho dela não é nada impossível. É algo até certo ponto simples, mas que pode levar qualquer um além.
"Meu sonho? Me defino como ambiciosa (não no contexto amplo de ter ou ser, mas sim no sentido de aprender)... Gosto de estar sempre atualizada! Contar sonho não é a coisa que eu mais gosto de fazer, mas esse eu posso dividir. Prefiro realizá-lo antes de dividi-lo. Mas sei também que ao dividir uma coisa (conhecimento, sonho ou qualquer que seja) estarei semeando isso em outras mentes, em outros corações. E isso me motiva a ir cada vez mais longe!"
Mas afinal, o nome do instrumento é gaita, acordeão ou sanfona? A especialista responde:
"Prefiro chamar de gaita, por uma questão de regionalidade. Acordeão eu utilizo mais quando estou falando com algum europeu, pois a tradução é accordion... E sanfona é mais utilizada no Nordeste..."
Desejemos a ela boa sorte, sucesso e que consiga desempenhar de acordo com suas habilidades. Vencer é muito relativo nesses casos, pois é difícil medir e comparar talentos. Mas Maryanne tem boa cabeça e pode nos dar uma lição sobre isso também: "Mesmo que eu não vença o troféu, ainda assim estarei feliz, pois acredito que o conhecimento é o único bem que ninguém pode nos tirar".
Deixe sua opinião