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Sete vezes mais detalhes

Projetos acústicos nem sempre fazem bem às bandas que se propõem a gravá-los. Não faltam exemplos de formações que jamais conseguiram se livrar do formato após venderem milhares de cópias com seus discos desplugados – Humberto Gessinger e seu Engenheiros do Hawaii são o melhor (ou pior) exemplo. Este definitivamente não é o caso d’O Rappa e isto fica claro à primeira audição de 7 Vezes.

Logo na primeira faixa, "Meu Santo Tá Cansado", fica evidente a pesquisa sonora intensa mencionada por Lobato como o resquício mais positivo do Acústico MTV. Pitadas discretas de instrumentos como vibrafone e taças podem ser ouvidas em meio à competente cozinha de baixo e bateria – agora sob o comando de Cleber Sena (Lobato volta aos teclados).

Xandão, que gravou suas guitarras separadamente, em Curitiba, investiu em efeitos de pedais e inúmeros riffs breves. Há até arranjos de cordas à la "Kasmir" (Led Zeppelin), complementados pelo som de um berimbau.

Destaque também para o vocal de Falcão, que apesar dos já gastos maneirismos ("oh na na nás", aqui e acolá) funde sua voz às melodias de maneira mais harmônica, mais cantada e menos berrada ao longo de todo o disco.

No geral, 7 Vezes é mais lento, calcado no reggae, no dub e suas variações. As gravações em um só take – sem o auxílio de overdubs – destacam a organicidade dos timbres e ressaltam a infinidade dos detalhes sonoros. Deve entediar fãs da faceta mais agressiva do quarteto carioca. E agradar os que valorizam a música pop de nuances e detalhes. GGG1/2 (JG)

Sete dias da semana. Sete notas musicais. Sete cores do arco-íris. Sete pecados capitais. São inúmeras as atribuições simbólicas relacionadas ao número sete. No caso da banda carioca O Rappa, o número corresponde exatamente à quantidade de discos lançados pela banda ao longo de seus 16 anos de estrada.

Talvez isso explique a escolha de 7 Vezes como título do mais novo álbum do grupo, primeiro de músicas inéditas desde o lançamento de O Silêncio Precede o Esporro, há cinco anos. Ou talvez seja apenas o título de uma das poucas canções românticas do recém-lançado trabalho ("Deixo o mundo avisado de teu nome/sete vezes escrevi seu nome", dizem os versos) – a sétima faixa do CD, por sinal.

Fato é que símbolos sempre fizeram parte do imaginário criativo de Falcão (vocais), Xandão (guitarra), Lobato (bateria) e Lauro (baixo). Basta lembrar da capa de Rappa Mundi (1996), segundo disco da banda, que trazia a imagem de um boneco composto por peças de ferro, comumente utilizado em oficinas mecânicas (especialmente no Rio de Janeiro) como uma espécie de espantalho, para afastar o azar e atrair a prosperidade.

"Há gente achando que viramos esotéricos, que aderimos ao feng shui, ou coisas do gênero. Os símbolos são inerentes à nossa cultura, em qualquer canto do Brasil. O mesmo cara que vai à igreja, joga cartas, consulta búzios, vai no candomblé e freqüenta terreiro de macumba. Então, cada um entende o título da maneira que quiser", explica Lobato, em entrevista à Gazeta do Povo.

Intervalo

Mas se cada um pode interpretar o significado do sete da forma que achar melhor, explicar os cinco anos que separam o novo disco do último trabalho de inéditas é tarefa que cabe somente aos integrantes do Rappa. "Desde de Rappa Mundi, nossas turnês são muito extensas, com duração de aproximadamente dois anos e meio. Emendamos turnês desde Instinto Coletivo (2001) e até agora estamos fazendo shows de O Silêncio Precede o Esporro, misturado a músicas do Acústico MTV (2005)", justifica o baterista.

Lançado nos formatos CD e DVD, o disco desplugado é um dos mais bem-sucedidos já lançados pela emissora musical brasileira e rendeu à banda um disco de platina (188 mil CDs vendidos) e um de diamante (100 mil DVDs comercializados). Para Lobato, o sucesso do projeto deve-se à intensa pesquisa de sonoridades desenvolvida pelos músicos a fim de recriar completamente as canções incluídas no repertório, que já eram hits em todo o país. "Imaginávamos que seriam sete ou oito meses de turnê e acabaram sendo mais de dois anos", revela.

Os novos arranjos acústicos modificaram não somente os principais sucessos do quarteto, mas também a performance do grupo no palco. "Essa coisa de tocarmos muito ao vivo sempre nos leva a tentar coisas novas e diferentes, para que os shows não se tornem uma coisa burocrática", conta o baterista. E foi justamente a busca pelo diferente que norteou as gravações de 7 Vezes (leia mais no quadro ao lado), iniciadas em agosto do ano passado e desenvolvidas sem pressa, durante quase 12 meses. "Normalmente, as bandas gravam um disco por ano, mas, desde o primeiro trabalho, nossa gravadora entendeu que nosso ritmo era outro, que quando gravamos um disco, nos dedicamos a ele ao máximo. E eles respeitam isso, gostando ou não", conta.

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