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No Afeganistão, o trabalho da MSF é de risco constante de atentados a bomba e tiros | Divulgação
No Afeganistão, o trabalho da MSF é de risco constante de atentados a bomba e tiros| Foto: Divulgação

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Acesso à Zona de Perigo

Sesc Paço da Liberdade (Praça Generoso Marques, 189), (41) 3234-4200. Hoje e amanhã, às 19 horas. Entrada franca, com retirada de ingressos uma hora antes. Classificação indicativa: 16 anos.

  • A Somália é o único país onde a ONG utiliza escolta armada para trabalhar

Como muitos documentários realizados com captação de imagens externas, Acesso à Zona de Perigo, em cartaz no Sesc Paço da Liberdade hoje e amanhã, tem momentos de câmera tremida e imagens não tão "embelezadas" como numa obra de ficção. A firme e elegante voz de Daniel Day-Lewis, porém, confirma a relevância do tema apresentado: a atuação dos Médicos Sem Fronteiras (MSF), organização não governamental criada na França em 1971 e atuante em mais de 70 países.

A linha-mestra do filme, que tem 69 minutos, conduz o espectador ao redor de quatro regiões em conflito no mundo para mostrar a dificuldade de acesso aos pacientes e a precariedade das condições de atendimento, tanto sanitárias quanto de segurança.

Não bastasse a pobreza dos locais em que está presente, assim como conceitos insuficientes de higiene e prevenção, os médicos, enfermeiros e psicólogos envolvidos em ações humanitárias arriscam a vida ao colocar-se sob fogo cruzado, literalmente. Acesso à Zona de Perigo começa com a reação da liderança de um acampamento no interior do Quênia quando recebe a notícia de que dois agentes haviam sido sequestrados por rebeldes.

O risco enfrentado por eles ocorre em áreas em guerra civil ou aterrorizadas por milícias, como Quênia, Somália e República Democrática do Congo, e em países onde o conflito está deflagrado, como o Afeganistão.

Com algumas cenas fortes, o documentário permite vivenciar a dor e a coragem de uma criança que recentemente teve um membro amputado, vítima de uma mina terrestre que explodiu, e a vergonha e tristeza de uma garota violentada por militares perto de sua casa, quando buscava água no rio.

Ao longo de todas as entrevistas, que se alternam entre médicos atuantes no campo e burocratas das agências humanitárias, é ressaltado o fato de a organização ser independente e imparcial, o que significa que não toma partido nos conflitos ao seu redor.

Mesmo assim, é comum seus agentes verem-se usados como "iscas", como num caso em que população e médicos foram atacados por militares contrários a uma certa etnia durante uma campanha de vacinação na África.

No caso de guerras como a que já dura mais de uma década no Afeganistão, um dos esforços da rede de atendimento humanitário é para se diferenciar de agências privadas contratadas pelos EUA – que prestam serviços em troca de informações de inteligência. "Quando o alívio humanitário é dado em troca de informação ou apoio político, isso é errado. A ajuda deve ser entregue de acordo com a necessidade", diz o representante da coordenação para Assuntos Humanitários das Nações Unidas Jan Egeland.

Outra regra frisada é a proibição do porte de armas dentro de qualquer veículo ou instalação de MSF – restrição só ignorada na Somália, país onde o governo praticamente inexiste e o trânsito das equipes só ocorre precedido de batedores armados.

Após a sessão de hoje, a fisioterapeuta Letícia Pokorny conduzirá uma conversa sobre as questões levantadas pelo filme e a atuação da MSF.

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