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Fernando Meirelles afirmou que há ‘exagero’ nas manifestações de cegos contra seu filme mais recente, "Ensaio sobre a cegueira". "Creio que há um exagero por parte dos manifestantes que protestam apenas baseados no trailer e no livro", afirmou o diretor.

A produção, adaptada do livro homônimo de José Saramago, retrata como uma epidemia de cegueira atinge a população e muda vidas. Diante de muitas necessidades, as pessoas se põe em verdadeiras batalhas para sobreviver. A única a continuar enxergando é a personagem de Julianne Moore.

"É um retrato ofensivo e assustador que pode minar os esforços de integrar os cegos à vida em comunidade. O filme retrata cegos como monstros, e vejo isso como uma mentira", afirmou Marc Maurer, presidente da Federação Nacional de Cegos, sediada nos Estados Unidos. "A cegueira não transforma pessoas decentes em monstros."

Meirelles explica: "Os personagens do filme não são cegos, são pessoas que ficaram cegas de um momento para outro, sem nenhum tempo para adaptação. O filme é sobre a natureza humana e não sobre a cegueira, inclusive o único personagem que era cego de nascença [interpretado por Danny Glover] é quem está mais tranqüilo na situação, justamente por sua capacidade de adaptação".

O diretor completa: "Evidentemente, sei que os cegos podem ter uma vida normal completamente integrados à sociedade. São inúmeros os exemplos de geniais artistas, pensadores , juristas ou cientistas cegos".

"Ensaio sobre a cegueira" estréia nos Estados Unidos com 1.700 cópias, na próxima sexta-feira (3), e a associação diz que fará protestos. Cegos e simpatizantes irão distribuir panfletos e carregar cartazes. Entre os slogans: "Eu não sou ator. Mas eu ajo como uma pessoa cega na vida real".

De acordo com a entidade, o filme reforça estereótipos incorretos, incluindo o de que cegos não podem tomar conta de si próprios e ficam para sempre desorientados. "Nós enfrentamos uma taxa de 70% de desemprego e outros problemas sociais porque as pessoas não acham que a gente possa fazer nada. E esse filme não ajuda", afirma Christopher Danielsen, porta-voz da organização.

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