• Carregando...

As pinturas abstratas de Marcelo Conrado dialogam com as gravuras e cerâmicas criadas por Juliane Fuganti na mostra Memória Urbana, que ocupa o mezanino da Caixa Cultural de hoje até 3 de junho. O projeto de uma exposição em conjunto surgiu há três anos, motivado pela vontade dos dois amigos de apresentarem as afinidades entre suas obras. Desde então, Marcelo e Juliane refletiram sobre a aproximação de suas poéticas e produziram trabalhos que expressam as suas relações com a memória urbana. Aprovada pela Caixa Cultural, a exposição segue no mês que vem para Brasília.

Na obra de Juliane Fuganti, o tema assume representações de flores e cobras que não são encontradas normalmente nas grandes cidades. "Um pouco da minha memória rural, do que não acho na realidade, transfiro para o urbano", observa. Com feminilidade, a artista nascida na cidade de Joaçaba, interior de Santa Catarina, apresenta 14 obras, a maioria inéditas, que contrastam com o ambiente urbano pelas formas orgânicas "de flores que se metamorfoseiam em cobras, caules que se alongam e se abrem em bocas escancaradas, mandíbulas afiadas a espreitar o grafismo elegante da flor incisa e solitária capturada na gravura", como descreve a crítica de arte Maria José Justino.

As questões da realidade urbana emergem nas criações do paranaense Marcelo Conrado. São telas de grande porte, coloridas com sobriedade, em que se concentram a velocidade, a instantaneidade e o caos do mundo pós-moderno. "Eu trabalho com o gestual, que é uma espécie de escrita presente na cidade", afirma o pintor, referindo-se às pichações e à publicidade. "Faço alusão às linguagens que formam o ambiente urbano". As linhas são as formas sempre presentes nas telas do artista, cujas pinturas aproximam-se de desenhos, marcadas pelo grafismo, com traços e cores econômicos.

Outras obras de Marcelo Conrado também podem ser vistas na mostra Aquisições do Acervo, no Museu Oscar Niemeyer.

"Fuganti depura o concreto e resgata o que ainda resta de orgânico, voltando-se às flores e aos bichos; Conrado refugia-se em uma espécie de sublimação pela linha, ressuscitando no turbilhão das metrópoles a delicadeza da linha", descreve Maria José Justino. Em suportes diferentes e cada um à sua maneira, os dois artistas expressam suas inquietações em relação ao mundo atual.

Serviço – Memória Urbana, de Juliane Fuganti e Marcelo Conrado. Caixa Cultural (R. Conselheiro Laurindo, 280), (41) 2118-5114. Terça a quinta, das 10 às 19 horas; e de sexta a domingo, das 10 às 21 horas. Abertura hoje, às 19h30. Até 3 de junho.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]