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O Pantera em farra: 40 milhões de discos vendidos | Edições Ideal/ Divulgação
O Pantera em farra: 40 milhões de discos vendidos| Foto: Edições Ideal/ Divulgação

Curiosidades

Saiba de alguns episódios inusitados envolvendo a banda:

>> Durante uma festa após um show do Metallica, o baterista Lars Ulrich confessa a Rex Brown que a banda decidiu suprimir o som do baixo no disco ... And Justice for All, como forma de escarnecer do baixista recém-contratado Jason Newsted.

>> Rex Brown desviou o ônibus que ia para uma turnê para Las Vegas, com o objetivo de recuperar US$ 20 mil e saldar uma dívida de jogo.

>> O nome Hellyeah, de um dos projetos paralelos de Vinnie Paul, é inspirado no nome da lancha de Rex Brown.

>> Phill Anselmo teve a sua casa destruída por um furacão que devastou Nova Orleans. Ele também tem (muito) medo de esquiar.

>> Durante uma das turnês que a banda fez com o Black Sabbath, Ozzy Osbourne convidou Rex Brown e Dimebag Darrell para um drink em seu trailer, usando somente um roupão.

Livro

Verdade Oficial: Nos Bastidores do Pantera

Rex Brown e Mark Eglinton. Tradução de Thiago Silva. Edições Ideal, 288 págs. R$ 39,90. Biografia.

  • O baixista Rex Brown, no começo da banda
  • Cowboys from Hell foi responsável pela projeção do Pantera

"Chegamos. [...] nós vamos te destruir e, se você não tá a fim, cai fora." Direto, como um soco no estômago bem ao estilo texano. É assim que Rex Brown, ex-baixista do Pantera, define a postura por trás do som e das letras de Cowboys from Hell, disco lançado em 1990, pela Atco Records, para muitos o responsável pela projeção inicial da banda.

A verdade é que, com essa frase, escrita nas páginas do livro Verdade Oficial: Nos Bastidores do Pantera – publicado em parceria com Mark Eglinton e lançado no Brasil pela Edições Ideal –, Rex faz muito mais do que isso: oferece ao leitor uma amostra turbulenta do DNA de uma das bandas mais emblemáticas do metal. Sem concessões e meias palavras, o que se lê nas mais de 200 páginas da publicação é um relato extremamente lúcido sobre como criar (e destruir) um gigante da música, forjado a palhetadas frenéticas, drogas e sucessivas reinvenções do aço.

Nos primeiros capítulos, focados na infância e formação musical de Rex Robert Brown, nascido em Graham, Texas, em 1964, há por exemplo, episódios como a perda do pai, Bill – vítima de um câncer na cavidade nasal. Uma doença degenerativa da mãe, agravada pela perda do marido, e o papel que a música assumiu diante de tais circunstâncias integram as memórias de Brown criança. Surpreende saber que o primeiro contato dele com a música se deu através de um coral de Igreja, e que o disco responsável por "explodir" sua mente e expandir seus horizontes musicais foi With a Song in My Heart, de Stevie Wonder.

Na nona série, já morando em Arlington, dividiu a classe de álgebra com aquele que se tornaria seu eterno antagonista. Vincent Paul Abbott (hoje na banda Hellyeah) era a pólvora que constantemente desafiava as chamas de Rex. Mas, ao mesmo tempo, foi quem abriu as portas do estúdio de Jerry Abbott (primeiro agente do Pantera) para as ambições do jovem instrumentista. Foi uma questão de tempo para que Rex fosse apresentado a Darrell "Dimebag" Abbott (1966-2004) e para que o embrião do Pantera se formasse.

Rex assumiu o baixo em 1982 para substituir Tommy Bradford, em uma configuração que contava também com Terry Glaze nos vocais, levando um som bem próximo do glam metal da época. Três discos independentes – com Jerry Abbott como produtor – foram lançados seguindo essa linha: Metal Magic (1983), Projects in the Jungle (1984) e I Am the Night (1985). Entre a agenda de shows e pequenas turnês, o baixista mantinha um emprego em uma cabine de revelação de filmes fotográficos, onde aproveitava para vender pílulas de metanfetamina para "clientes especiais".

Integrante

A entrada de Phillip Anselmo, em 1987, traz uma nova dinâmica à banda, que buscava diferenciar seu som tornando-o cada vez mais pesado. O garoto encrenqueiro de Nova Orleans merece um capítulo inteiro no livro. Com Glaze fora, Phill imprime cada vez mais rebeldia ao som, refazendo inclusive alguns vocais de canções anteriores, lançadas em Power Metal (1988). O grande trunfo do Pantera, no entanto, sempre esteve no palco. E foi numa dessas apresentações – mais especificamente durante uma guerra de bolo durante a festa de aniversário em que tocavam – que Mark Ross, executivo da Atco Records, teve seu primeiro contato com a banda. Por seu intermédio, o Pantera assinou um contrato e passou a ser agenciado por Walter O’Brien, com Terry Date como produtor.

Brigas

Cowboys from Hell estreou na Billboard na 44.º posição e projetou o nome da banda, mas foi Vulgar Display of Power (1992) que iniciou a espiral de turnês intermináveis. Mas, vieram também os problemas jurídicos de royalties com Jerry Abbott, abuso crescente de álcool e drogas (principalmente da parte de Phill), gerando desgaste entre os membros.

Rex aponta no livro uma sucessão de eventos traumáticos que nunca foram seriamente debatidos e culminaram na cisão irreversível do Pantera. A prisão de Anselmo, após agredir um segurança em um show, a dificuldade de convivência com Vinnie Paul e sua obsessão por sexo, além de uma overdose de Phill em Dallas, são alguns exemplos.

Mas o mais sintomático foi a mudança de foco com relação às atividades do Pantera, com os membros partindo para projetos paralelos. Esse panorama vicioso ofuscou grandes momentos, como as turnês com o Black Sabbath.

Na biografia, Rex admite que o dia 8 de dezembro de 2004 ainda ronda seus pensamentos: foi quando o jovem Nathan Gale disparou contra o palco durante um show do Damageplan, em Columbus, e matou Dimebag Darrell, encerrando a carreira do 92.º melhor guitarrista de todos os tempos. Também acabou, consequentemente, com quaisquer chances de reconciliação entre a banda.

Embora interrompida tragicamente, a história do Pantera os alçou à categoria de deuses do metal. O grupo vendeu 40 milhões de discos e conseguiu atravessar a era grunge praticamente sem nenhum arranhão , diferente de bandas como o Metallica – que inclusive é citado no livro –, que tem álbuns muito criticados pelas concessões a que se permitiram. A biografia conta a história de um sobrevivente do rock e, como existem poucos que sustentam esse título, merece muito a leitura.

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