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Depois de Paulo Coelho criticar a "atitude infantil" de Roberto Carlos que conseguiu na Justiça a retirada definitiva do mercado da biografia não-autorizada "Roberto Carlos em detalhes", de Paulo César Araújo, chegou a vez do mercado editorial entrar na discussão sobre a liberdade de expressão.

Editores consideraram "complicado" o acordo feito pela Planeta, que se comprometeu ainda a entregar ao cantor os 11 mil exemplares do livro estocados em seus armazéns. Um deles - que pediu para não ser identificado - afirmou que a editora Planeta "prestou um desserviço ao mercado editorial brasileiro". O diretor da Companhia das Letras, Luiz Schwarcz, definiu a atitude da editora como "perigosa".

— Cabe à editora e ao autor lutarem pela liberdade de expressão até o fim. Uma pessoa tem todo o direito de lutar se estiver sendo difamada, mas não pode pedir a retirada do livro. Se ficar provada a calúnia, aí sim, os exemplares podem ser recolhidos. Mas não foi o que aconteceu, pelo que li — afirmou Schwarcz, que após longa disputa conseguiu manter em circulação o livro "Estrela solitária", biografia de Mané Garrincha escrita por Ruy Castro.

O editor Alberto Schprejer, da Relume Dumará, diz que o maior perdedor da história foi "o lado mais fraco", o pesquisador Paulo Cézar Araújo:

— Tive a sensação de que o autor ficou à míngua. Ele investiu um tempo enorme e a obra foi interrompida.

Em nota, a Editora Planeta disse que o contexto era desfavorável a todos: "Roberto Carlos não quis correr o risco de perder a demanda (...); a Planeta e o autor, diante dos titubeios (...) apresentados pelos juízes cível e criminal (...) em garantir plenamente (...) seus direitos constitucionais, achou por bem encampar a proposta do acordo", diz um trecho da nota.

O autor do livro, no entanto, é mais explícito. Segundo Paulo César Araújo, a atitude do juiz Tércio Pires, da 20ª Vara do Fórum Criminal de São Paulo, e de dois promotores que acompanhavam a audiência de conciliação deram aos advogados da Planeta a impressão de que a condenação da empresa já havia sido decidida. Ele diz que havia sido avisado pelos advogados que a empresa não faria acordo, mas que tudo mudou durante a audiência, que durou cinco horas.

— Um dos promotores falou: "Já pensou, cinco anos com uma queixa crime nas costas? É melhor fazer o acordo." — afirma.

Segundo Araújo, o juiz disse ainda que, se os representantes da Planeta não houvessem comparecido, ele teria mandado lacrar a editora. Depois da decisão, diz, o juiz e os promotores foram tirar fotos com Roberto Carlos.

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