Um dos acontecimentos televisivos deste ano é a minissérie Mildred Pierce, refilmagem da mesma história que, em 1945, sob a direção de Michael Curtiz, deu a Joan Crawford o Oscar de melhor atriz. Desta vez, quem vive o papel da mulher forte e cheia de determinação, mas perseguida pelo sofrimento, é a britânica Kate Winslet, também vencedora do prêmio da Academia, por O Leitor.
Sob a direção estilosa e segura de Todd Haynes, um entusiasta dos melodramas, o martírio vivido por Mildred, que em plena época da Grande Depressão (anos 1930), tem de se desdobrar para manter as duas filhas, promete vastas emoções. Pelo menos é o que deixou transparecer o primeiro dos cinco episódios, que foi ao ar domingo retrasado no canal pago HBO HD.
Mildred, que tem a coragem de se livrar do marido em uma época difícil para mulheres separadas, vai ralar muito e enfrentar o machismo imperante naqueles tempos, no intuito de se impor frente às inúmeras dificuldades que surgem em seu caminho. Mas a dor maior que irá confrontar é a ingratidão da filha mais velha, Veda (Evan Rachel Wood), no conflito que teria influenciado o teledramaturgo Gilberto Braga quando escreveu a novela Vale Tudo e criou as já lendárias personagens Raquel (Regina Duarte) e Maria de Fátima (Glória Pires).
Como já fez no belo Longe do Paraíso, longa-metragem inspirado pelos melodramas realizados pelo diretor Douglas Sirk nos anos 50, Mildred Pierce parece dominar completamente o vocabulário do gênero, que discute temas sociais sérios sob uma fachada de entretenimento lacrimoso. No primeiro capítulo, o suplício da protagonista em busca de emprego é arrebatador e comovente, como manda a cartilha do estilo. E Kate Winslet arrasa. GGGG
Serviço:
Mildred Pierce. Canal pago HBO HD. Todos os domingos, às 23 horas.
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