• Carregando...
Inezita Barroso completou 60 anos de carreira e está há 31 anos à frente do programa Viola, Minha Viola, da TV Cultura | Cleones Ribeiro/Divulgação
Inezita Barroso completou 60 anos de carreira e está há 31 anos à frente do programa Viola, Minha Viola, da TV Cultura| Foto: Cleones Ribeiro/Divulgação

Os sete primeiros discos de Inezita Barroso, gravados entre 1955 e 1961, acabam de ser reunidos em uma caixa para colecionadores. O lançamento chega às lojas pela Microservice, que vem reeditando o catálogo da extinta gravadora Copacabana Discos há alguns meses sob licença da EMI. O Brasil de Inezita Barroso, que inclui sucessos como "Fiz a Cama na Varanda", "Peixe Vivo" e "Luar do Sertão", traz encartado um rico material informativo.

Os livretos trazem uma breve biografia da cantora, violonista e violeira, escrita pelo pesquisador Rodrigo Faour, que fala sobre os passos musicais de Inezita – desde o despertar de sua curiosidade pela viola quando criança, e passando por suas andanças pelo Brasil em busca de canções folclóricas para recolher em suas partituras. A cantora também comenta no encarte, faixa a faixa, os registros que fez de canções da tradição popular paulista, mineira, gaúcha, paraense, pernambucana e outras que a tornaram uma espécie de embaixadora da cultura nacional no Brasil e no exterior.

Dona de boa memória, aos 86 anos, Inezita é detentora de um imenso arquivo sobre a música brasileira. A riqueza do acervo é fruto de sua postura de pesquisa e defesa militante dos ritmos nacionais e populares, já reconhecidos pela crítica especializada da época, que enaltecia a cultura do país em uma espécie de resistência contra a música invasora do exterior – o que pode ser visto nos textos originais dos LPs, reproduzidos no material que acompanha a caixa.

Tal espírito resistente aparece na própria embalagem do box. O Brasil de Inezita Barroso, além de conter "folclore explosivo" e "pérolas regionais", resiste também como "sertanejo autêntico".

Enganam-se os que não conhecem a obra da musicista e lembram dela apenas por modas ligadas ao folclore paulista, como "Marvada Pinga" (incluída em Vamos Falar de Brasil, juntamente com "Lampião de Gás"). Inezita gravou coco, baião, jongo, samba, congada, cateretê, batuque, seresta, choro, toada, ludu e canções praieiras.

As matrizes são muitas – religiosas, africanas, sertanejas, interioranas. O que dá liga ao cancioneiro é a origem no folclore e em uma cultura "pura", de criação coletiva e linguagem popular. Simplicidade que aparece tanto na poesia, que é também de grande profundidade e fortemente baseada em nostalgia e romantismo (vide "Tristeza do Jeca" e "Ismália", feita por Capiba sobre poesia de Alphonsus de Guimarães), quanto nas harmonias, enriquecidas pelos arranjos de Hervé Cordovil, que guardam várias surpresas e sofisticações. Cantadas com a expressiva voz de contralto de Inezita e sua reverência carinhosa aos sotaques, as canções de O Brasil de Inezita Barroso são uma fonte de grande interesse para se entender as raízes da música brasileira. GGGG

Serviço

O Brasil de Inezita Barroso. Microservice/ EMI Music. Preço médio: R$ 114,90. MPB

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]