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Modelos negras estrelam a nova campanha da grife Maria Bonita | Divulgação
Modelos negras estrelam a nova campanha da grife Maria Bonita| Foto: Divulgação

O fotógrafo Bob Wolfenson clicou 21 modelos negras para a campanha da grife Maria Bonita, que começa a ser veiculada esta semana. A iniciativa é inédita na história da marca, conhecida por misturar sofisticação e brasilidade. Com seis manequins negras na passarela, seu último desfile, o do verão 2010, na São Paulo Fashion Week se inspirou nas feiras livres.

Segundo Danielle Jensen, responsável pelo estilo da marca, o significado da campanha é "o de fazer parte do povo brasileiro independente de cor" e o sentido da publicidade foi "buscar diferenciadas formas de beleza". A estilista acha que o racismo existe. "Acredito ser residual", afirmou Danielle, que sempre selecionou modelos negras para os desfiles da Maria Bonita.

Além da simpatia universal por Barack Obama, da novela "Viver a vida", com Taís Araujo no papel principal como uma top model, aos cabelos black power desfilados por Marc Jacobs na temporada parisiense, black definitivamente "is beautiful".

Dândis africanos

Uma onda afro vem contagiando o mundo da moda não só na febre dos cabelos frisados mas no colorido das roupas. Em tons fortes, o inglês Paul Smith inspirou sua coleção nos "sapeurs", dândis africanos de Brazzaville (capital da República do Congo), que cultuam a alfaiataria vestidos de fraque, colete e terno, retratados no livro de Daniele Tamagni, "Gentlemen of Bakongo".

"O universo está a favor mas não adotamos essa linguagem porque está na novela ou porque o Barack (Obama) ganhou. Danielle (Jensen) sempre usou modelos negras nos desfiles. A idéia do diretor de criação Rafic Farah é a de mostrar que todas as mulheres ficam bonitas de Maria Bonita", explica a gerente de marketing Denise Mauler Neuchs.

Na novela "Viver a vida", o glamour da negritude é personificado não só por Taís Araujo mas por toda a família da personagem com figurino de Marie Salles, feito de cores vibrantes, vestidos estampados, longos e túnicas de fazer inveja aos dândis de Paul Smith e de Brazzaville.

Nem sempre as invenções da moda agradam ao politicamente correto. Um editorial da "Vogue" francesa deste mês com a modelo holandesa Lara Stone pintada de preto provocou protestos do site Jezebel, que acusou a editora Carine Roitfeld de "culturalmente insensível".

"Se o objetivo foi artístico e não fazer a modelo se passar por uma garota negra, o fato do editorial produzir tais reações mostra que o mundo das imagens está pagando por sua longa tradição de impedir ao povo negro de mostrar seus corpos em público", afirmou Dominique Sopo, do grupo francês SOS Racismo.

Ídolos negros

Longas pernas, rosto forte, 19 anos, a baiana Indira Carvalho foi uma das modelos da campanha da Maria Bonita e uma das quatro escolhidas para o catálogo da marca. Ela é a cara da Grace Jones e tem esperança de desfilar no evento Oi Fashion Rocks, que acontece no Rio de Janeiro dia 24 de outubro.

Modelo há quatro anos, sensação nas passarelas do Fashion Rio e da São Paulo Fashion Week, Indira acha que o preconceito existe e é difícil de ser detectado. "Não acontece de forma direta. Mas o maior preconceito vem também dos próprios negros. O importante é a pessoa por dentro e não por fora", afirma Indira, que mora no bairro da Ribeira e tem quatro irmãos. Adora hip hop, Vinicius de Moraes, Ivete Sangalo e Margareth Menezes. "A mãe dela é nossa vizinha", conta a modelo, para quem ídolos como Denzel Washington, Samuel Jackson e Will Smith têm levado muito bem a negritude.

Nos últimos cinco anos, segundo Sergio Mattos, da agência de modelos 40 graus, os desfiles aumentaram a participação das modelos negras. "Antes disso, quando oferecíamos uma modelo negra, ouvíamos do estilista: minha coleção não tem esse perfil. Hoje elas estão fazendo sucesso. A Vanessa Fonseca está na Alemanha, onde tem um contrato exclusivo com a Oto. Ana Leal está em Miami. Arlene Ronze em Paris e Emanuelle de Paula faz sucesso como angel da Victoria’s Secret."

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