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Quinteto tentou vários editais para financiar seu terceiro disco de estúdio. Amigo do Tempo foi concebido com recursos do próprio grupo | Divulgação
Quinteto tentou vários editais para financiar seu terceiro disco de estúdio. Amigo do Tempo foi concebido com recursos do próprio grupo| Foto: Divulgação

Opinião

Enxuto suíngue

Cristiano Castilho, repórter do Caderno G.

O tempo de maturação para um novo disco (quatro anos) fez bem ao grupo pernambucano. Mais enxuto e coeso do que os outros dois trabalhos, Amigo do Tempo relembra com propriedade a sonoridade que tornou a banda reconhecida, mas como fato novo, apresenta elementos diversificados na história do Mombojó.

Surpreenda-se, então, com a ótima "Antimonotonia", uma quase surf music que poderia também estar na trilha de algum filme de Quentin Tarantino.

A aproximação mais acentuada com a música eletrônica também é visível, (ou audível) e aí surgem ainda mais comparações do grupo pernambucano com os norte-americanos da Stereolab – de quem a banda é fã.

As experimentações sonoras que marcaram a carreira do grupo agora dão um tempo. O novo disco é mais simples, embora não simplório. "Casa Caiada" é melhor exemplo disso. A letra despretensiosa remete a uma tarde qualquer no Recife.

E é interessante ver o duelo entre uma tristeza imperativa (ouça "Praia da Solidão") e uma fuga solar e vitoriosa (tente "Passarinho Colorido"). Esta é a característica maior do novo, independente e maduro álbum. GGG1/2

Desistir de uma carreira de quase dez anos talvez fosse uma opção, mas a banda Mombojó felizmente continuou na estrada e bancou inteiramente o disco Amigo do Tempo, terceiro da carreira dos pernambucanos.

A história é diferente da que ocorreu com NadadeNovo (2004), resultado de um edital municipal e encartado na revista Outra Coisa; e de Homem-Espuma (2006), gravado e distribuído pela Trama. Mas nada que desanime o agora quinteto Mombojó. "Tudo ficou na nossa mão e estamos curtindo isso, essa maturidade", afirmou o guitarrista Marcelo Machado.

Nascida em 2001 como um septeto, a banda se destacou com sua sonoridade original, que criava interessante gingado com a ajuda, na mesma medida, de guitarras distorcidas, cavaquinhos e inserções eletrônicas. Participaram de festivais importantes, como o Abril Pro Rock e o Tim Festival, e receberam por duas vezes o prêmio de melhor banda da Associação Paulista de Críticos de Arte (2005 e 2006). Tudo isso deveria continuar, mesmo com algumas mudanças pelo caminho.

Em 2007, o flautista Rafa, de 24 anos, foi vítima de um infarto fulminante. Ano passado, o multiinstrumentista Marcelo Campello deixou a banda. Como resposta, o quinteto (Felipe, Chiquinho, Samuel, Marcelo e Vicente), que se conhece há cerca de 12 anos, reforçou a união. "Hoje é relativamente fácil você ter acesso a bons equipamentos de gravação. Então o diferencial está no clima das gravações", aponta Machado. E tempo para isso não faltou.

As 11 faixas do disco foram gravadas ao longo de três anos em oito estúdios diferentes. Em janeiro de 2009, a banda se fechou em um estúdio montado em uma granja na cidade de Aldeia (PE). Pupillo (Nação Zumbi) e Kassin deram uma mão na produção. O trompetista Guizado também colaborou em algumas faixas.

"Fizemos grande parte do disco lá. Foi um período muito bom. Alternávamos as gravações com cerveja, mergulhos na piscina e futebol. Vários amigos [entre eles os músicos China e Júnior Black] e familiares compareciam. Era ótimo", recorda o músico.

Sempre diferente

Algumas faixas, como "Papapa", "Praia da Solidão" e "Casa Caiada" já rodaram por aí há um bom tempo e são conhecidas dos fãs. A nova formação proporcionou novamente uma diferenciação em relação à sonoridade da banda – o que também aconteceu se compararmos o segundo disco com o primeiro.

"É uma ideologia. Sempre tentamos fazer um disco diferente do outro. Mas na maioria dos casos, não é nada pensado. Simplesmente sai", diz Machado.

Amigo do Tempo é mais dançante e enxuto do que os discos anteriores.

"Trabalhávamos com cerca de 14 instrumentos. Muitas vezes eu me pegava sem tocar nada, só apreciando os outros. Agora são cinco ou seis instrumentos. Há um espaço que tem que ser preenchido. Precisamos, ou tocar com mais ‘gordura’ ou com mais genialidade", explica o guitarrista.

Lançado no último dia 7 de junho no site do grupo, o número de downloads do disco já se aproxima dos 20 mil. Amigo do Tempo também será lançado em CD e há uma possibilidades de que seja encontrado em vinil - se a grana permitir. O show de lançamento do álbum acontece em Recife, no próximo dia 25.

Serviço

Baixe o disco no site oficial do grupo: www.mombojo.com.br

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