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O fotógrafo sul-matogrossense Marcelo Buainain viajou diversas vezes à Índia, entre os anos de 1997 e 1999, e encontrou um país de extremos: de um lado as experiências humanas e espirituais impressionantes; do outro, o terror da burocracia e das dificuldades de locomoção. Mas, sua companheira de viagem, a câmera fotográfica, viu o que tinha de mais sublime. As imagens captadas estão na exposição "Índia – Quantos Olhos Tem Uma Alma", que o Museu Oscar Niemeyer (MON), abre para visitação pública a partir de quinta-feira (16).

As 60 imagens que compõem a mostra fazem parte do acervo do Museu da Fotografia, órgão administrado pela Fundação Cultural de Curitiba (FCC), responsável pela organização da mostra que poderá ser vista na Torre da Fotografia do MON. Ganhador do Prêmio Máximo da 2.ª Bienal Internacional de Fotografia de Curitiba, em 1998, Buainain aproveitou o incentivo financeiro recebido, e regressou quatro vezes à Índia, seguindo um percurso onde preferiu dedicar seu tempo a conhecer poucas cidades, como a capital, Nova Délhi, e algumas localidades à margem do rio Ganges.

Embora tenha mantido a posição de observador, Buainain tentou assimilar o legado religioso e filosófico dos indianos. O principal convívio foi com os sadhus, pessoas que seguem os tantras, abdicam das vestimentas e peregrinam pela Índia se dedicando à meditação, ao desapego e à espiritualidade.

Buainain os conheceu durante o Kumbha Mela, o maior festival religioso do país. "É um encontro das grandes expressões religiosas da Índia, onde se concentra o mais número de pessoas santas, iluminadas e espiritualmente evoluídas. Tudo é muito intenso, são 25 milhões de pessoas no mesmo espaço durante um mês", conta. Os registros fotográficos feitos no festival foram reunidos e compõem uma das seis séries da exposição "Índia – Quantos Olhos Tem Uma Alma".

Outras duas séries tratam de temas religiosos, "Sikhs" e "Crematório". Buainain foi convidado por um sikh (seguidor da religião de mesmo nome) para participar de um jantar coletivo da comunidade. "Eles são muito prestativos e organizados e, com as doações que recebem, promovem refeições para milhares de pessoas. No Kumbha Mela, os sikhs têm tendas montadas para alimentar quem tem fome. Foi uma experiência fantástica descobrir a essência desse povo: ver Deus no outro", diz o fotógrafo.

O crematório é o "grande santuário da morte". Fica na cidade de Varanasi e é considerado um portal de libertação. O fotógrafo também registrou imagens cotidianas, nas séries "Trabalho", "Crianças" e "Retrato". Em todas, tentou fugir da visão estereotipada dos ocidentais sobre o oriente e do "sensacionalismo" em torno da pobreza indiana. "Miséria a gente tem aqui no Brasil da mesma forma", argumenta.

As 60 imagens são acompanhadas por legendas que o fotógrafo fez questão de escrever. "É uma das partes mais difíceis, porque requer estudo e aprofundamento sobre a cultura indiana. As legendas servem de substrato para ampliar a compreensão das fotos. Procuro associar elementos da filosofia, religião e sociedade que a fotografia não é capaz de dizer", explica. As viagens à Índia foram fruto de um interesse pessoal: a busca espiritual.

Marcelo Buainain atualmente mora em Natal, no Rio Grande do Norte, e trocou os documentários fotográficos pelos audiovisuais. Já dirigiu dois, "Do Lodo ao Lótus" e "Hermógenes – Deus Me Livre de Ser Normal". No momento, o diretor está às voltas com um filme sobre o escritor caboverdiano Luis Romano, ainda sem título.

Na abertura da mostra, será lançado o livro do fotógrafo, com título homônimo à exposição: "Índia - Quantos Olhos tem uma Alma", com 120 páginas.

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Serviço: Índia – Quantos Olhos Tem Uma Alma. Abertura para convidados na quarta-feira (15) às 19 horas. Visitas a partir da quinta-feira (16) das 10h às 18 horas. Museu Oscar Niemeyer (Rua Marechal Hermes, 999) Tel.: 3350-4400. R$ 4,00 (adulto), R$ 2,00 (estudante) e livre (crianças até 12 anos, maiores de 60 anos e escolas públicas agendadas). Até 14 de outubro.

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