O jornalista, crítico literário e escritor Hélio Pólvora, autor de livros de contos como “Os Galos da Aurora” (1958) e “Estranhos e Assustados” (1966), morreu na madrugada desta quinta-feira (26).
Pólvora lutava havia mais de um ano contra um câncer de pulmão e, segundo o Conselho Estadual de Cultura da Bahia, não resistiu a uma parada cardiorrespiratória. Morava em Salvador, onde seu corpo será cremado na tarde desta quinta, no cemitério Jardim da Saudade.
Trajetória
Ocupante desde 1994 da cadeira 29 da Academia de Letras da Bahia, Pólvora nasceu em Itabuna (BA), em 1928, e mudou-se para o Rio em 1953, onde viveu por 30 anos. Nos anos 80, voltou ao estado natal, estabelecendo-se em Salvador em 1990.
Ao longo da carreira jornalística, trabalhou em diversos veículos, como “Jornal do Brasil”, “Veja”, “Correio Braziliense” e “A Tarde” -neste último, nos últimos anos, como editorialista e colunista.
A estreia na literatura foi em 1958, com os contos de “Os Galos da Aurora”, vencedor de prêmio do “Jornal do Commercio”. Naquele ano, o escritor Adonias Filho (1915-1990) profetizou, em artigo elogioso, que o contista “chegaria logo ao romance”.
Nos anos seguintes seus contos lhe renderam prêmios como os da Bienal Nestlé de Literatura de 1982 e 1986, mas a estreia em romance ocorreria só 52 anos depois, em 2010, com “Inúteis Luas Obscenas”, trama rural marcada por desejo, culpa e violência.
Com isso, viu-se, aos 82 anos e com mais de 20 livros publicados, concorrendo na categoria estreante do Prêmio SP de Literatura, que premia apenas romances.
À Folha de S.Paulo, em 2011, o autor disse que demorou a escrever romance por ser “fiel ao conto, apaixonado demais por ele”. Desde os anos 1970, porém, ensaiava narrativas longas, sem aprovar o resultado.
Sobre o tempo dedicado tardiamente a romances -em 2011, publicou “Don Solidon”-, Pólvora argumentava que “a velhice tem suas vantagens também. Tenho tempo de sobra e ainda estou na Bahia, que é altamente contemplativa”.
Com contos traduzidos para vários idiomas, o autor foi escolhido, meses atrás, como homenageado do 5º Festival Nacional do Conto, de 20 a 24 de maio, em Florianópolis.
Hélio Pólvora deixa mulher, Maria, e três filhos, Hélio, Raquel e Fernanda.
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