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Atualizado em 10/01/2007 às 13h35Carlo Ponti, um dos mais conhecidos produtores de cinema da Itália e marido da atriz Sophia Loren, morreu aos 94 anos, afirmou sua família na quarta-feira.

Em seus 50 anos de carreira, Ponti produziu mais de 150 filmes, entre os quais "A estrada da vida"', em 1954, e "Doutor Jivago", em 1965.

Mas ele também é conhecido por ter descoberto Sophia Loren, então uma adolescente, e por tê-la transformado em uma das estrelas mais glamourosas do mundo.

"Ele morreu de forma tranquila", afirmou Alessandra Mussolini, sobrinha de Loren e neta do ditador fascista Benito Mussolini. Ponti estava hospitalizado em Genebra desde o Natal.

"A mulher e os filhos dele estavam a seu lado. Sophia sempre ficou junto dele, o tempo todo", contou Alessandra à Reuters.

O casal mais famoso do cinema italiano conheceu-se em 1952, quando Ponti, então um produtor já conhecido e casado, votou nela em um concurso de beleza.

Loren começou a ficar famosa pouco depois, quando Ponti, 20 anos mais velho que ela, lhe deu um papel em um semidocumentário. Mais tarde, a atriz italiana transformou-se em um símbolo sexual equivalente a Marilyn Monroe e a Brigitte Bardot.

Em 1957, depois de não conseguir fazer com que o Vaticano anulasse seu primeiro casamento - a Itália não contava, então, com leis de divórcio -, Ponti casou-se com Loren, no México.

O escândalo gerado pela relação dos dois obrigou o casal a deixar a Itália, onde o produtor foi acusado de bigamia. Ele acabou sendo absolvido apenas em 1968.

Os dois mudaram-se inicialmente para Hollywood e mais tarde tiveram dois filhos. Cada vez mais indignado com seu país natal, Ponti adotou, em 1965, a cidadania francesa.

Entre 1950 e 1955, ele trabalhou com o produtor Dino de Laurentiis, mas a dupla se desentendeu devido a desavenças financeiras. Entre os filmes produzidos pelos dois estão "Casamento à Italiana" (1964), "Blowup - Depois daquele beijo" (1966) e "Um dia especial" (1977).

À revelia, Ponti foi condenado na Justiça italiana, em 1979, a quatro anos de prisão e a uma multa de US$ 26 milhões por evasão de divisas. Ele acabou sendo absolvido dessas acusações em 1987.

Ponti evitava conceder entrevistas sobre seus problemas pessoais, mas falava muito a respeito de seu trabalho, do impacto da TV sobre o cinema e dos problemas financeiros enfrentados pelos que rodavam filmes.

Ele via com repugnância os produtores excessivamente preocupados com o faturamento de seus filmes. "Não faço negócios, eu faço filmes", costumava dizer Ponti, que sempre zelou pela qualidade de suas produções.

Ele iniciou sua carreira no cinema em 1938, por acaso, quando um produtor que era cliente do escritório de advocacia no qual Ponti trabalhava fugiu do regime fascista e pediu-lhe que o substituísse.

"Mesmo então, minha preocupação era com fazer filmes de qualidade, buscando temas preferencialmente na literatura e usando diretores com formação literária", afirmou o produtor certa vez.

Mas Ponti não tinha ilusões a respeito da realidade da indústria do cinema. E afirmou, em uma entrevista: "Não há razão para se fazer um filme que ninguém irá ver apenas para criar uma obra de arte perfeita, mas inútil."

O produtor não fumava e nem bebia. Os únicos hobbies conhecidos dele eram a arquitetura e a decoração de interiores.

Ele era um leitor ávido e teria sido o primeiro italiano a comprar uma cópia do romance "Doutor Jivago", do escritor russo Boris Pasternak, vencedor do Prêmio Nobel de Literatura. O livro teria sido encomendado por telefone, desde Hollywood.

Ponti acabou transformando o livro em um de seus filmes de maior sucesso.

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