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Cena da peça "A Descoberta das Américas" | Divulgação/Diego Pisanti
Cena da peça "A Descoberta das Américas"| Foto: Divulgação/Diego Pisanti

Morreu nesta quarta-feira o poeta Bruno Tolentino, aos 66, autor de importantes obras, como "O mundo como idéia", prêmio Jabuti de 2003, mesmo ano em que recebeu o Prêmio José Ermírio de Moraes da Academia Brasileira de Letras (ABL).

Tolentino, cuja família aristocrática é de Niterói, teve falência múltipla dos órgãos, segundo o laudo do hospital Emílio Ribas, em São Paulo, onde estava internado há um mês.

O poeta, cujo livro "As horas de Katharina" também recebeu o Jabuti, em 1995, foi ainda jornalista, professor e polemista. Outra obra sua premiada é "A balada do cárcere", que recebeu os prêmios Cruz e Souza de poesia, em 1996, e o Abgar Renault, em 1997.

Este livro inspirou-se na experiência do autor, preso na Inglaterra em 1987, sob a acusação de tráfico de drogas. Ele foi encarcerado na prisão de Dartmoor, conhecida como "Ilha do Diabo". Tolentino foi libertado 22 meses depois, com o perdão do governo inglês, que reconheceu ter ele sido ele vítima de uma injustiça. Bruno morou quase 30 anos na Europa, onde lecionou em importantes universidades inglesas por 11 anos. Ele também se orgulhava de conviver com personalidades renomadas nas letras, como o poeta inglês W. H. Auden. Conheceu celebridades das letras como Samuel Beckett e Giuseppe Ungaretti.

Bruno foi conhecido também por suas polêmicas intelectuais - com os irmãos Campos, com Caetano Veloso, com os professores da USP... Desde que as letras de músicas de Caetano Veloso viraram tese universitária, o cantor se tornou um dos alvos preferidos do poeta, ao lado dos irmãos concretistas Augusto e Haroldo de Campos, acusados, entre outras coisas, de não saberem traduzir o inglês. Em entrevista, ele disse que "polemiza não por que se julga o dono da verdade, mas para provocar o contradito e o debate". Tempos depois, Caetano e Tolentino fizeram as pazes.

O filósofo e professor Olavo de Carvalho, autor do livro "Imbecil coletivo", disse certa vez que o escritor é do tipo ame-o-ou-deixe-o.

- Ele tem uma personalidade extravagante, excêntrica e incompreensível, cheia de contradições. Falamos mal de todo mundo ao telefone. E desisti de tentar entendê-lo. Prefiro assistir às suas piruetas com um encanto renovado a cada dia - disse Olavo em 1997.

Na mesma época, Tolentino, então morando em Niterói, declarou:

- Mudei a história da literatura; pus o Brasil no mapa internacional. Agora tenho de deixar meus escritos em ordem para que não façam comigo o mesmo que fizeram com Fernando Pessoa, e só deixar aquilo que não desonrar a pena.

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